Eles não estão pedindo dinheiro ou vendendo bugigangas. Os personagens Alípio e Gregório, dois gaudérios interpretados, respectivamente, pelos atores Maikinho Pereira e Vinícius Lima, estão perambulando pelas linhas da Trensurb para incentivar o comportamento cordial dos passageiros no trem. Bem-humorados, eles até chamam a atenção daqueles que estão "burlando" as regras de etiqueta. Promover a civilidade e a boa convivência no sistema é a principal meta da campanha Etiqueta Urbana Trensurb.
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O objetivo da iniciativa é singelo, mas cumpri-lo é mais difícil do que parece. O DG acompanhou Alípio e Gregório no trajeto da Estação Mercado até a Luiz Pasteur, em Sapucaia do Sul, e flagrou todo tipo de "deselegância" a bordo do trem. Adolescentes, jovens e adultos despreocupadamente acomodados no assento preferencial para idosos e gestantes, passageiros com mochila nas costas - o que é incômodo, principalmente, se o vagão está lotado - ou escorados na porta, atrapalhando o fluxo.
Estas e outras gafes estão incluídas em uma cartilha de 11 dicas entregues aos passageiros pelos personagens. Quem está sempre andando de trem tem na ponta de língua o que mais lhe incomoda. Para a estudante Elisa Gonçalves, 21 anos, nada a perturba mais do que pessoas que espirraram sem proteger o rosto.
- É nojento e muito comum de acontecer - relata.
De acordo com a Trensurb, das deselegâncias no trem, a mais comum é o uso do bancos preferenciais e mochila nas costas. Outra mau hábito que tem se popularizado é a permanência de passageiros no momento em que todos saem no terminal Mercado - o que é proibido - para que na viagem de retorno à Região Metropolitana a pessoa garanta o assento.
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Cochilo para não ceder o lugar
Fazer de conta que não está nem aí, cochilar ou mexer no celular para fingir que não viu a pessoa que tem prioridade no assento preferencial é o que mais irrita o funcionário público aposentado Iroci Bandeira, 69 anos. Ele faz o trajeto entre Porto Alegre e Novo Hamburgo e já cansou de presenciar este tipo de situação:
- A educação é algo que vem de casa e muita gente não tem.
A professora aposentada Odila Piovesan Santos, 68 anos, também é ignorada por quem senta no banco preferencial e não dá lugar. O mal-educado finge que não há vê e ela, para evitar constrangimento, não pede o lugar que é seu por direito.
Constrangimento semelhante passa a mãe do pequeno Bryan, um ano, a dona de casa Roberta de Oliveira, 19 anos. Ela já precisou ir de Porto Alegre a Sapucaia de pé e com o menino no colo enquanto outras pessoas usavam o assento preferencial. Toda vez que vai embarcar é a mesma dúvida: se vai ou não conseguir se acomodar.
- Uma vez, eu pedi para sentar e a pessoa não se levantou.
E quem nunca foi atropelado pela multidão ao sair do trem? A técnica em enfermagem Darlilian Birck, 34 anos, conta que toda que está no fluxo contrário da maioria tem dificuldade de entrar ou sair do trem.
- É um arrastão, a gente não consegue nem entrar.
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Onze dicas para viajar tranquilo
- Não obstrua as portas e acomode-se ao longo dos carros. Isso facilita a entrada e saída de pessoas.
- Mantenha-se à direita nas escadas e ao entrar e sair dos trens.
- Evite sentar-se no chão. Uma pessoa sentada atrapalha o fluxo e ainda ocupa o espaço de várias outras.
- Não se encoste na barra, segure-a somente com as mãos para que mais pessoas também possam se segurar nela.
- Deixe livre as escadas para o fluxo de ir e vir. Não se escore nem sente nos degraus.
- Respeite os bancos preferenciais. Se não é idoso, gestante, com deficiência ou tem criança de colo, esqueça os bancos preferenciais.
- Use fones de ouvido ao viajar escutando música. Ninguém mais além de você precisa ouvir sua música.
- Retire a mochila das costas. Ela ocupa o espaço de outra pessoa e atrapalha principalmente quando o trem está lotado. Coloque-a no meio das pernas.
- Não jogue lixo pelas janelas do trem.
- Ao ler, não invada o espaço alheio.
- Não fique no trem no desembarque final.
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Personagens ensinam que passageiro não precisa se encostar na barra, apenas pegá-la com a mão
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS
Odila Piovesan Santos, 68 anos, dificilmente consegue sentar
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS
Roberta e Bryan passam constrangimento para conseguir lugar no trem
Foto: Tadeu Vilani/Agência RBS