
Startups e profissionais voltam a movimentar a capital gaúcha, colococando os holofotes da inovação sobre a cidade. Para além da resiliência — tema central deste ano —, o country manager, Wagner Lopes, fala sobre o South Summit brasileiro e sua internacionalização.
Lopes assumiu em 2024, substituindo Thiago Ribeiro, e atua no evento desde o início, em 2021. Formado em Administração, Lopes conduziu seu mestrado em um tema conectado à atual edição do evento: inovação, tecnologia e sustentabilidade. No South Summit, tem a meta de ampliar a conexão do ecossistema brasileiro de inovação com a Europa e o mundo. Em 2025, o South Summit aportou em Bruxelas, Londres, Oslo, Milão e desembarca em Berlim, em maio.
Nesta entrevista, Lopes fala da relação do South Summit e da inovação com a crise climática, que chamou a atenção do mundo para o Rio Grande do Sul.
O que os participantes podem esperar desta edição?
Uma programação com mais de 800 palestrantes, pulsantes, mais de 150 speakers internacionais, uma competição de startups que mobilizou mais de 2 mil startups de mais de 80 países. Será uma edição bastante especial em termos de ambiente, de ânimo. O evento vai ter uma programação paralela muito forte de eventos sociais, happy hours e de integração com a cidade, muitos deles locais onde a gente também viu a água entrar.
Há 10 meses, a “casa” do South Summit estava embaixo d’água. Como a organização vê essa reocupação após a enchente?
A nossa tagline da programação é beyond resilience (além da resiliência, na tradução livre), mas o evento se propõe a ser um momento positivo, devolver o ânimo para a cidade, de conectá-la mais uma vez com o Guaíba. Queremos o South Summit se posicionando como um vetor de reconstrução também para o Estado, especialmente do ponto de vista de imagem, como poço de atração e oportunidade de negócio e de investimento.
Inovação e tecnologia em questões climáticas serão tema de debates?
Eventos climáticos extremos não são uma exclusividade do Brasil, de Porto Alegre ou de países subdesenvolvidos. A pauta climática é uma pauta global, não é uma pauta local de Porto Alegre. E nós teremos uma trilha de clima muito forte, uma trilha de resiliência e adaptação climática importante. Óbvio e naturalmente, o tema da inteligência artificial segue como carro-chefe da programação, especialmente pensando em uma lógica transversal, perpassando todas as trilhas.
No que achas que o RS avançou em inovação da primeira edição do evento?
Quando a gente olha para o ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul, vemos um Estado e uma capital com universidades muito boas, que é um dos pilares de um ecossistema de inovação forte. Vemos uma cultura empreendedora que não é de agora, é de décadas, basta olhar as muitas empresas que aqui nasceram e ganharam o Brasil e o mundo. Estamos em um momento especial e se percebe que alguma coisa diferente está acontecendo. Óbvio que o resultado não é curto prazista. As coisas acontecem em um período de anos, de décadas. Estamos passando por uma janela de oportunidade e não podemos deixá-la fechar.
E no que precisa evoluir?
Existe um desafio para criar um Estado e uma cidade que retêm os seus talentos. O Rio Grande do Sul está envelhecendo rapidamente. Mas a atração e retenção de capital humano é um desafio não só do Rio Grande do Sul. Outros ambientes e ecossistemas também estão passando por isso. Do ponto de vista de tecnologia, acho que no ecossistema falta um novo case, talvez um novo unicórnio, uma nova empresa de tecnologia que desponte.
Qual o futuro do South Summit?
É um evento jovem, com três edições, indo para a quarta. É pouco tempo, mas, incrivelmente, em três edições, a gente já conseguiu se posicionar de maneira forte na agenda do continente e já extrapola as bordas do Brasil como referência em geração de negócios, e conexões de valor no ambiente da inovação e da tecnologia. O desafio é seguir crescendo e atraindo cada vez mais pessoas de fora do Rio Grande do Sul, de fora do Brasil, confirmando e consolidando o evento como um ponto de encontro internacional.