Os moradores da zona sul de Porto Alegre estão entre os mais prejudicados pela greve dos ônibus. Com pouca oferta de vans escolares e mesmo clandestinas - além da falta de lotações em alguns casos - a espera de horas virou rotina nas paradas. No comércio, o cenário é de lojas vazias e muitas queixas. Em um mercado no Bairro Ponta Grossa, a estimativa é de que o movimento tenha caído 20%.
"O nosso perfil de cliente é de classe C e D. A maioria é auxiliar de pedreiro, servente, e eles dependem muito do transporte. Então, eles acabam não recebendo a semana e, consequentemente, não comprando", afirma o gerente do mercado, Vladimir Ribeiro.
O Bairro Ponta Grossa não tem serviço de lotação, e apenas uma linha de ônibus.
"De cem jornais vendidos em dias normais, agora estão sobrando de 20 a 30. Antes da greve, vendíamos todos os jornais em duas horas", diz a proprietária de um bazar no Bairro Ponta Grossa, exemplificando a queda no movimento.
O Bairro Belém Novo é outro sem lotação. As vans passam, em média, uma a cada hora, quase sempre cheias. Uma moradora do Bairro esperou duas horas na tarde desta segunda-feira (10) por um veículo escolar.
"Aqui no Belém Novo só uma família tem van escolar, e ela faz duas voltas pela manhã e uma à tarde. Também passa o ônibus Itapuã, mas como ele é metropolitano não pega os moradores do Bairro para ir ao centro", lamenta a ascensorista Angélica do Couto Ricardo.
As vans escolares estão autorizadas a transportar passageiros durante a greve dos rodoviários de Porto Alegre. O valor inicialmente liberado foi de até R$ 4,20 pelo serviço, a mesma tarifa das lotações. O valor, contudo, foi reduzido para R$ 4 como forma de facilitar o troco.