O livro é sempre melhor que o filme? Os cineastas Carlos Gerbase, Fabiano de Souza e Tabajara Ruas debateram a questão dos roteiros adaptados na noite desta quinta na Sala dos Jacarandás do Memorial do RS.
- A relação entre literatura e cinema é muito próxima, pois as duas linguagens contam histórias. Elas compartilham a essência, mas são diferentes. No meu novo livro (Cinema: Primeiro filme - descobrindo, fazendo, pensando) eu conto que há certas coisas na linguagem de narrar que a gente aprende na escola, mas para escrever um filme tem que ir além - conta Gerbase.
O cineasta defende que há tanto livros melhores que os filmes dos quais foram adaptados quanto filmes melhores que os livros.
- O cinema nasceu grudado à literatura. Os primeiros filmes foram inspirados em romances. Há um grande amor entre os dois. Essa relação motiva a necessidade humana por competição, mas uma coisa nem sempre é melhor do que a outra - avalia Tabajara Ruas, que filmou a adaptação de Senhores da Guerra.
Tabajara contou que o livro de José Antônio Severo tem 500 páginas e que o primeiro desafio para adaptá-lo em um filme de 180 minutos foi cortar mais de 300 páginas e, obviamente, muita coisa acabou ficando de fora nesse processo.
Carlos Gerbase apresentou alguns dados, como o fato de 85% dos filmes que ganharam o Oscar serem adaptações.
- O cinema adapta muito e a TV também, mas grandes fracassos do cinema também são adaptações - analisa Gerbase, que apontou alguns dos autores mais adaptados da história: William Shakespeare, com 688 adaptações, Edgar Allan Poe, com 184, além de Honoré de Balzac, Agatha Christie e Arthur Conan Doyle.