O dia temático de Cuba na Feira do Livro de Porto Alegre teve presença de autores cubanos, que falaram um pouco mais sobre a literatura do país e sobre sua produção literária.
O escritor José Eduardo Degrazia recebeu o cubano Virgilio López Lemus para um bate-papo na Sala dos Jacarandás no Memorial do RS. Degrazia destacou a renovação da linguagem desenvolvida por Virgilio, que define como sendo um poeta intimista.
- Ele é um grande viajante, escreve sobre os países que visita de uma maneira muito bonita em seus poemas - avalia Degrazia.
Virgilio destaca a rica literatura produzida em Cuba, que, segundo o escritor, é forte e têm vários autores em atividade. Ele também conta que, devido ao sistema econômico da ilha, quase não há importação de livros. Mas, devido aos baixos preços dos livros no país, que não custam mais do que um dólar, o povo cubano lê muito.
- Há duas produções muito grandes em Cuba: uma é a cana-de-açúcar e a outra é a literatura. Há poetas populares por todo o país e as obras são acessíveis - afirma Virgilio.
Às 17h30 foi a vez do escritor gaúcho Tailor Diniz receber o cubano Reinaldo Montero, autor do livro As Afinidades - adaptado para o cinema em 2010. Na obra o autor recria As Afinidades Eletivas de Goethe em um balneário cubano no final dos anos 1990.
- Meus amigos dizem que é um manual do sexo manual, um livro para ser lido com uma mão só - diverte-se Montero, entre risadas do público.
Como o autor já teve obras adaptadas para o cinema e também escreve roteiros, o debate teve como tema a relação entre a literatura e a sétima arte - dois tipos de produção completamente distintos, de acordo com Montero.
- Escrevi o livro num estilo indireto livre, no qual o narrador se mete na cabeça dos personagens. O livro é escrito em forma de ciclo, em que cada vez vemos a história sob o ponto de vista de um dos personagens. O leitor sabe mais do que o narrador, pois conhece a história pelo ponto de vista de todos os personagens - conta Montero.
As Afinidades conta a história de dois casais que se reúnem e resolvem fazer uma troca de casais numa ilha paradisíaca próxima de Havana. No entanto, as coisas não acabam acontecendo exatamente como imaginaram. Na obra há um lado erótico, mas também um fundo político e social.
Tailor Diniz chamou atenção para o fato de mais da metade do conteúdo de As Afinidadesser sobre sentimentos - algo muito difícil de transpor para o cinema.
- O filme não pôde mostrar algumas partes mais sexuais da história para não ficar pornográfico. Mas não considero o livro pornográfico - conclui Montero.