
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou a nova indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), para substituir Juscelino Filho no Ministério das Comunicações. O atual presidente da Telebras, Frederico Siqueira Filho, vai assumir o cargo, segundo apurou o Estadão/Broadcast.
O nome foi apresentado ao governo petista após o deputado Pedro Lucas Fernandes (União-MA) ter rejeitado o convite do presidente Lula para chefiar a pasta. O senador teve uma conversa privada nesta quarta com o presidente.
Perfil técnico
A indicação de Siqueira Filho foi endossada pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda.
O novo indicado é descrito como um nome próximo ao senador Efraim Filho (União-PB) e de perfil técnico, por já ter trabalhado na operadora Oi, e não filiado ao União Brasil. Por conta disso, o governo avalia que a indicação facilitaria a construção de consenso e evitaria a indefinição que aconteceu com Pedro Lucas.
Alcolumbre foi escalado para ser o principal interlocutor em torno da indicação do ministro das Comunicações. Ele já tem como ministro de sua cota o chefe da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Integrantes do partido afirmam que a decisão de Alcolumbre foi apresentar ao presidente Lula o nome de um técnico, e não de um político de carreira, para ocupar a pasta. Pela lei eleitoral vigente, todos que pretendem ser candidatos no ano que vem precisarão deixar os cargos seis meses antes da eleição (ou seja, em abril do ano que vem).
A escolha de Alcolumbre por Siqueira Filho ocorreu após conversas entre o presidente do Senado e o presidente do União Brasil.

União Brasil dividido
Desde o início do governo, o União Brasil vive uma constante contradição entre se considerar uma sigla governista ou independente.
Criada a partir de duas legendas de direita — o DEM, que já foi PFL e nasceu de um braço da Arena, partido de sustentação da ditadura militar, e o PSL, partido que abrigou Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 —, a legenda conta com ministros na Esplanada, mas uma bancada com parlamentares historicamente antipetistas.
Segundo congressistas da legenda ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a indicação do atual presidente da Telebras para o Ministério das Comunicações não deve mudar a correlação de forças na bancada em favor do governo.
Parlamentares argumentam que o formato de articulação política está esgotado e que a bancada vai continuar votando em favor apenas daquilo que considerar "o melhor para o país".
Nos bastidores, deputados afirmam que Rueda ficou incomodado por não ter sido chamado por Lula para a negociação do espaço do União na Esplanada dos Ministérios. Com outros partidos, o posicionamento do governo teria sido o de chamar os respectivos presidentes para a mesa de conversas.
O nome de Pedro Lucas foi patrocinado por Alcolumbre, mas retido pela bancada de deputados, que temia uma guerra pela eleição de um novo líder na Câmara.
Com a decisão do deputado de permanecer na liderança, fica desfeita a possibilidade de que Juscelino Filho o substituísse. Ele deixou a pasta das Comunicações por ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção, mas ele nega.