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A denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentada nesta terça-feira (18) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou documentos e anotações de denunciados por envolvimento em trama golpista.
O documento, assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, afirma que Bolsonaro liderou uma organização criminosa que tramou um golpe de Estado. O texto aponta que o ex-presidente contou com apoio direto do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) à época, e do delegado de Polícia Federal e então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem Rodrigues.
Entre os materiais encontrados na residência de Augusto Heleno, foram identificadas anotações manuscritas, em uma agenda com o logotipo da Caixa Econômica Federal. Os textos tratavam sobre o planejamento prévio da organização criminosa de fabricar um discurso contrário às urnas eletrônicas.
Na anotação intitulada “REU DIRETRIZES ESTRATÉGICAS” (reunião de diretrizes estratégicas), foram enumeradas quatro ações que deveriam ser adotadas pelo grupo criminoso.
São elas:
- Fazer um mapa com levantamento das áreas onde o Pres. possui aliados confiáveis
- Buscar relacionar os órgãos de imprensa que podem ser usados como meios de divulgação de ações de governo. Utilizar com mais frequência a EBC (Empresa Brasil de Comunicação)
- Não fazer qualquer referência a homossexuais, negros, maricas, etc. Evitar comentários desairosos e generalistas sobre o povo brasileiro. Ao contrário, exaltar as qualidades do povo: lutador, guerreiro, alegre, otimista
- Estabelecer um discurso sobre urnas eletrônicas e votações. É válido continuar a criticar a urna eletrônica.
Bolsonaro foi denunciado pelos crimes de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado pela violência e grave ameaça e contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Após a PGR oferecer a denúncia, o caso será enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF), e depois analisado pela Primeira Turma da Corte.
Além de Bolsonaro e Braga Netto, outros 32 são também denunciados pela trama golpista.
Quem são os 34 denunciados:
- Ailton Gonçalves Moraes Barros
- Alexandre Rodrigues Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin e deputado federal
- Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marina
- Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça
- Angelo Martins Denicoli
- Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
- Bernardo Romão Correa Netto
- Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
- Cleverson Ney Magalhães
- Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira
- Fabrício Moreira de Bastos
- Fernando de Sousa Oliveira
- Filipe Garcia Martins Pereira
- Giancarlo Gomes Rodrigues
- Guilherme Marques de Almeida
- Hélio Ferreira Lima
- Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
- Marcelo Araújo Ormevet
- Marcelo Costa Câmara
- Márcio Nunes de Resende Júnior
- Marília Ferreira de Alencar
- Mario Fernandes
- Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
- Nilton Diniz Rodrigues
- Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho
- Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira
- Rafael Martins de Oliveira
- Reginaldo Vieira de Abreu
- Rodrigo Bezerra de Azevedo
- Ronald Ferreira de Araujo Junior
- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros
- Silvinei Vasques
- Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa, ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro e general
- Wladimir Matos Soares