Durante a cerimônia religiosa realizada na terça-feira (21) para marcar a posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, a bispa Mariann Edgar Budde, 65 anos, fez um discurso que repercutiu na mídia internacional.
No sermão, proferido na Catedral Nacional de Washington, Mariann pediu a Trump "misericórdia" com famílias de imigrantes e "piedade" com a população LGBT. A fala foi feita um dia após o republicano assinar decretos contra essas populações. Assista ao vídeo abaixo.
Quem é a bispa de Washington?
Bispa episcopal de Washington, Mariann Edgar Budde atua como líder espiritual de 86 congregações episcopais. Conforme biografia no site da diocese episcopal de Washington, ela também lidera dez escolas episcopais no Distrito de Columbia e quatro condados de Maryland.
O texto também afirma que Mariann é uma defensora e organizadora em apoio a preocupações com justiça. Ela defende pautas como equidade racial, prevenção da violência armada, reforma da imigração, inclusão total de pessoas LGBTQ+ e cuidado da criação.
No site da igreja, é destacado que Mariann "acredita que Jesus chama todos os que o seguem a lutar pela justiça e pela paz, e a respeitar a dignidade de cada ser humano".
A bispa serviu em Minneapolis antes de seu trabalho em Washington e é autora de três livros: Como aprendemos a ser corajosos: momentos decisivos na vida e na fé (2023), Recebendo Jesus: o caminho do amor (2019) e Reunindo os fragmentos: a pregação como prática espiritual (2007).
A religiosa é casada, mãe de dois filhos adultos e avó. De acordo com a biografia, ela gosta de andar de bicicleta e cozinhar na companhia de sua família e amigos.
Segundo a rádio norte-americana NPR, a bispa é reconhecidamente crítica a Trump. Em 2020, ela publicou um artigo no The New York Times no qual criticava o presidente pela postura com relação ao movimento Black Lives Matter.
Na ocasião, Trump, usou a polícia para evacuar a praça Lafayette Square, em Washington, perto da igreja de St. John's, durante protestos sobre a morte de George Floyd.
"O Deus a quem sirvo está do lado da justiça. Jesus chama seus seguidores para imitar seu exemplo de amor sacrificial e construir o que ele chamou de Reino de Deus na Terra", escreveu no texto. "Como seria o amor sacrificial de Jesus agora?", questionou Budde.
Discurso e críticas
No evento de terça-feira (21), Mariann defendeu os direitos de populações LGBT, e pediu a Trump que ele tivesse solidariedade com essas pessoas e suas famílias.
— Peço-lhe que tenha piedade, senhor presidente — disse a bispa, que falou do medo que, segundo ela, é sentido em todo o país. — Existem crianças gays, lésbicas e transexuais em famílias democratas, republicanas e independentes.
Mariann defendeu também os imigrantes, que "podem não ser cidadãos ou não ter documentação adequada (…) mas a grande maioria dos imigrantes não são criminosos", defendeu.
Trump criticou a postura da religiosa e exigiu um pedido de desculpas por mencionar em sermão o medo entre imigrantes e pessoas LGBT+. Ele afirmou que a episcopisa foi "desagradável".
"Além de suas declarações inapropriadas, o serviço foi muito chato e pouco inspirador. Ela não é muito boa no trabalho dela! Ela e a igreja devem um pedido de desculpas ao público!", escreveu o republicano.