Uma entrevista coletiva realizada por ministros nesta sexta-feira (14), na Embaixada do Brasil em Pequim, encerrou a agenda da comitiva brasileira na China. Após chegar a Xangai na quarta-fira (12) e cumprir compromissos oficiais no país durante na quinta (13) e nesta sexta (14), a delegação segue para Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, na manhã de sábado (15), em horário local.
Ao longo desta sexta, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, teve compromissos com o presidente da State Grid, Zhang Zhigang, com o presidente da Assembleia Popular da China, Zhao Leji, e com o primeiro-ministro da China, Li Qiang, antes de se reunir com o presidente chinês, Xi Jinping. Ele não participou da entrevista em razão da duração prolongada dos eventos anteriores.
Na abertura da coletiva, o embaixador do Brasil na China, Marcos Galvão, explicou a ausência do presidente Lula, afirmando que ele "está bem".
— A visita fala por si — reforçou Galvão.
Após, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi o primeiro a falar, destacando um acordo de R$ 6,5 bilhões que a instituição assinou com o banco de desenvolvimento da China. Em seguida, falou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltando que "é necessário colocar a questão da mudança do clima, da proteção ao meio ambiente e do desenvolvimento sustentável no mais alto nível das prioridades" nas relações de cooperação entre Brasil e China.
Por fim, falou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que começou enfatizando que a China é o maior parceiro comercial do Brasil, e que os dois governos estão programando um "salto de qualidade nas nossas relações":
— Essa missão, por determinação do presidente Lula, recebeu uma atenção específica em relação à geração de empregos industriais no Brasil, que é uma coisa que pode render muitos frutos para a economia brasileira no médio e longo prazo.
Questionado se a aproximação recente do Brasil com a China pode causar um afastamento em relação aos Estados Unidos, Haddad negou a possibilidade.
— Não temos nenhuma intenção de nos afastar de quem quer que seja, sobretudo de um parceiro da qualidade dos Estados Unidos. Estamos fazendo um esforço de aproximação, queremos investimentos dos Estados Unidos no Brasil. Na verdade, estamos vivendo quase um momento de desinvestimento, pois muitas empresas americanas deixaram o Brasil no governo passado — ressaltou. — Nós queremos restabelecer as melhores relações, e desejamos parcerias com esses três blocos comerciais, Estados Unidos, União Europeia e China — acrescentou Haddad.
Encontro aberto entre líderes
Durante a tarde, o presidente Lula se reuniu no Palácio do Povo com o presidente chinês, Xi Jinping. Os governos dos dois países assinaram 15 acordos comerciais e de cooperação na ocasião.
Antes do encontro, Lula se dirigiu até a praça em frente ao palácio, onde ocorreu uma cerimônia oficial de boas-vindas ao presidente brasileiro que marcou o início do compromisso com Xi Jinping.
Durante reunião aberta entre os presidentes, Lula afirmou que "ninguém vai proibir que o Brasil aprimore suas relações" com a China. O presidente brasileiro também defendeu que as relações entre os dois países precisam ir além da questão comercial, avançando para campos como ciência e tecnologia, educação e cultura.
— Queremos que a relação Brasil China transcenda a questão comercial — enfatizou.
Depois de uma reunião ampliada entre a delegação brasileira e os chineses, também teve um momento restrito entre os dois líderes.
— O relacionamento China-Brasil, em desenvolvimento constante, saudável e estável desempenhará papel positivo importante para a paz, o desenvolvimento e a prosperidade das regiões e do mundo — declarou o presidente chinês, de acordo com a secretaria de Comunicação do governo brasileiro.
Após o encontro fechado, teve início o ato de assinatura dos acordos celebrados entre os dois países. Lula e Xi Jinping observavam enquanto os ministros de diversas áreas dos dois países assinavam os compromissos, que abordaram temas como inovação, comunicação, agronegócio, comércio e indústria. Confira a lista completa dos acordos assinados aqui.
Depois de finalizada a cerimônia de assinatura dos acordos, Lula participou de um jantar oficial oferecido pelo governo chinês.
Outros compromissos em Pequim
Antes de encontrar Xi Jinping, no início da manhã, Lula se encontrou com o presidente da State Grid, Zhang Zhigang. A empresa chinesa tem investimentos em energia elétrica no Brasil, com 19 concessionárias e linhas de transmissão em 14 Estados.
Lula reforçou a importância dos investimentos chineses no Brasil, a confiança na economia nacional e o foco do governo federal em investimentos em energias renováveis e na ampliação da rede de transmissão integrando projetos de geração eólica e solar com a rede convencional.
— Nós não queremos ser vendedores de empresas. Nós queremos construir, com parcerias, as coisas que precisam ser feitas no Brasil — destacou o presidente.
Após a reunião com Zhang Zhigang, o presidente brasileiro foi ao Grande Palácio do Povo, sede do governo chinês, onde esteve com o presidente da Assembleia Popular da China, Zhao Leji. Na ocasião, Lula disse que a China tem sido "uma parceira preferencial" do Brasil nas relações comerciais.
— É com a China que a gente mantém o mais importante fluxo de comércio exterior. É com a China que nós temos a nossa maior balança comercial e é junto com a China que nós temos tentado equilibrar a geopolítica mundial discutindo os temas mais importantes — afirmou.
Depois do encontro, a comitiva brasileira foi até a Praça da Paz Celestial. O local é conhecido pelo Monumento aos Heróis do Povo, onde Lula depositou uma coroa de flores em homenagem às pessoas que morreram em revoluções populares. Em seguida, o presidente brasileiro retornou ao Palácio do Povo, onde se reuniu com o primeiro-ministro da China, Li Qiang.
— Queremos ter com a China uma relação que vá além da economia e do comércio — reforçou Lula na reunião com o primeiro-ministro.