Com a exoneração publicada nesta sexta-feira (24) no Diário Oficial da União, o agora ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo conversou brevemente com GaúchaZH na manhã de hoje. Ele afirmou que aguarda o pronunciamento do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, marcado para as 11h:
– Não vou me manifestar no momento. Apenas estou esperando para ver como será a fala do ministro Sergio Moro hoje.
Questionado se já esperava a demissão, Valeixo limitou-se a dizer que já se falava sobre isso no ministério. Ele também não adiantou quais são os próximos planos após deixar o cargo.
O substituto no comando da corporação ainda não foi anunciado. Valeixo foi uma das primeiras escolhas de Moro assim que aceitou o convite para conduzir o Ministério da Justiça. À época, o delegado era superintendente da PF no Paraná, onde chefiava a equipe que atuava com Moro nas investigações da Lava-Jato.
O descontentamento de Bolsonaro com a direção da PF foi alimentada nos últimos dias, após a instauração de inquérito para investigar o ato de domingo (19), em Brasília, em que manifestantes pediram a intervenção militar, o retorno do AI-5 e o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente participou da manifestação.
Bolsonaro teria ficado irritado quando soube que Valeixo destinou a apuração do caso a mesma equipe de agentes e delegados que atua no inquérito aberto pelo STF para apurar fake news.
A demissão de Valeixo é a segunda em apenas oito dias. No dia 16, Luiz Henrique Mandetta foi exonerado do cargo de ministro da Saúde por defender a continuidade do distanciamento social como forma mais eficaz de controlar o avanço do coronavírus no país. Moro também defende a medida, o que desagrada Bolsonaro.
Conforme apurou a Folha de S.Paulo, a exoneração de Valeixo saiu "a pedido" com as assinaturas eletrônicas de Bolsonaro e Moro, mas o ministro não assinou a medida formalmente, nem foi avisado oficialmente pelo Planalto da publicação. O nome foi incluído no ato pelo fato de o diretor da PF ser subordinado a ele. É uma formalidade do Planalto.