O presidente da República Jair Bolsonaro demonstrou forte insatisfação e fez duras críticas ao presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia, durante uma entrevista ao vivo para o canal CNN Brasil. Bolsonaro reclamou do projeto que aprovado na Câmara dos Deputados que conceda da União a ajuda Estados e municípios, e afirmou que o Executivo precisa de contrapartida.
Ao contestar o projeto aprovado de ajuda a Estados e municípios, que gerou críticas do Ministério da Economia, Bolsonaro disse que Maia está agindo contra ele:
— O Brasil não merece o que o senhor Rodrigo Maia está fazendo. Quando fala em diálogo, eu sei que tipo de diálogo você quer. Esse, não vai ter comigo. Tá aprofundando a crise, tá botando uma conta no meu colo, que vai chegar a um trilhão de reais, e o Brasil não sustenta isso daí. Essas medidas são escandalosas.
Bolsonaro afirmou ainda que Maia estaria fazendo pressão para que o projeto seja aprovado sem contrapartida para atacá-lo:
— Eu lamento o posicionamento dele. Isso é falta de patriotismo, de um coração verde e amarelo, falta de humanismo com o país. Qual o objetivo? Resolver o problema ou atacar o presidente da República?
O foco principal das críticas é o projeto de socorro a Estados e municípios aprovado no dia 14 de abril. Aprovado com ampla maioria na Câmara nesta segunda-feira (13), o projeto determina que a União transfira R$ 80 bilhões, segundo cálculos de líderes partidários, por seis meses, como forma de compensação pelas perdas de ICMS (imposto estadual) e ISS (municipal) diante da crise econômica. O Ministério da Economia é contra esse projeto e elaborou uma proposta que prevê uma transferência de recursos menor.
A entrevista ocorreu alguns minutos depois da tradicional transmissão online do presidente, divulgada em sua página no Facebook.
Na quarta (15), o STF decidiu que governadores e prefeitos têm decisão final sobre o isolamento social durante a pandemia. Durante a entrevista, Bolsonaro pediu também que o fechamento de comércios seja repensado.
— Estamos preocupados com a vida, sim. Mas o desemprego vai matar muito mais do que poderá matar agora a questão do vírus — disse. — Nós pretendemos que o povo volte a trabalhar e se sinta seguro para isso. Esse é o planejamento que eu vou apresentar. Não posso executar porque o Supremo Tribunal Federal decidiu dessa maneira.
— O que eu pretendo é que o Congresso Nacional decida o que é atividade essencial. Para mim, é aquela que consegue fazer com que você leve um prato de comida para casa, e aí entra quase todo mundo.
Resposta
Também à CNN Brasil, Rodrigo Maia disse que o objetivo de Bolsonaro era "mudar de assunto" depois da troca no Ministério da Saúde.
— É a velha tática de mudar de assunto. O Brasil está preocupado. Saiu o Mandetta, aprovado por 80% da população. Numa guerra, se você muda o comandante, o general de quatro estrelas, as pessoas ficam sem rumo.
O presidente da Câmara também contestou a ideia de que o objetivo da aprovação do projeto era atacar o presidente.
— Não podemos aceitar que só uma visão sobre o Brasil prevaleça. Essa casa é a casa do diálogo. Essa votação que fizemos sobre a nossa federação deveria ser com apoio do governo — afirma.
Ele também afirmou que mostrou colaboração com o governo quando pautou a medida provisória (MP) do Emprego Verde e Amarelo, contestada pela oposição.
— Anteontem, eu fiquei 12 horas sentado na mesa da Câmara dos Deputados, comandando uma votação, que a esquerda era contra, sobre a MP do emprego verde e amarelo, que era do governo. Não há nenhuma intenção da Câmara de prejudicar ou de enfrentar o governo. Nós queremos é sentar na mesa com pautas preestabelecidas.
Depois, Maia arrematou dizendo que não irá entrar em confronto com Bolsonaro.
— O presidente não vai ter de mim ataques. Ele joga pedras e o Congresso devolve com flores — complementou