Há quase 10 anos, a capa de Zero Hora chegava aos leitores com a seguinte manchete: "Cresce pressão sobre o pacote do Piratini." Em 14 de dezembro de 2009, o governo Yeda Crusius (PSDB) se preparava para levar à votação um pacote com mudanças envolvendo professores e policiais militares.
Às vésperas de ano eleitoral, com a base dividida, Yeda enfrentava forte pressão da Brigada Militar e ameaça de greve do Cpers-Sindicato – tal como a gestão de Eduardo Leite, do mesmo partido, uma década depois.
À época, Yeda propôs reajustes para os menores salários. Em contrapartida, defendeu alterações no plano de carreira dos professores estaduais e nova alíquota de contribuição previdenciária para os policiais militares. As categorias reagiram. Os dias se passaram e, sem forças para evitar a derrota no parlamento, o Palácio Piratini acabou recuando.
Em 23 de dezembro de 2009, em nova manchete, ZH informava: "Sem apoio, Piratini desiste de pacote da BM e do magistério". Por meio de nota oficial, o governo do Estado responsabilizou sindicatos e deputados por barrarem os projetos. Com o revés, o Cpers encerrou a paralisação, que durou seis dias.
Depois de 10 meses de discussões, Leite protocolou pacote com propostas de reforma estrutural do Estado na Assembleia na última quarta-feira (13). A decisão também motivou reações e levou o Cpers a decidir por nova greve. Por enquanto, ao contrário de Yeda, o governador não dá sinais de que pretende recuar. As votações devem ter início em 17 de dezembro.