Partidos de esquerda se uniram em um ato nesta quarta-feira (4), na Câmara dos Deputados, que discutiu privatizações, preservação da Amazônia e a criação de uma frente de oposição ao governo. O evento marca a primeira visita da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ao Congresso após sofrer impeachment, em 2016.
O seminário "Soberania Nacional e Popular" levou cerca de 500 pessoas ao Auditório Nereu Ramos.
Em um discurso de mais de meia hora, Dilma criticou a Lava-Jato, a diminuição do poder do Estado na Petrobras e em outras estatais, além de mudanças na política educacional feitas pelo governo de Jair Bolsonaro. A ex-presidente afirmou ainda que o país vive uma ameaça sem precedentes à preservação da Amazônia.
— Não é possível que se destrua esta política (de preservação da Amazônia) que tinha 30 anos. Foi aperfeiçoada antes de nós, mas quando chegamos tínhamos uma política sistemática de preservação — discursou.
Dilma citou a adesão do país a pactos internacionais de preservação e afirmou que, nos governos do PT, havia política de fiscalização e de combate a desmatamentos e à exploração ilegal da região.
A petista ainda criticou a Lei do Teto de Gastos, aprovada pelo então presidente Michel Temer (MDB), que impôs um limite nos investimentos do governo. Curiosamente, a declaração ocorreu no dia em que Bolsonaro admitiu que poderá rever a legislação.
— A Lei do Teto de Gastos é um grande fantasma, talvez seja a grande ofensiva para se retirar a população brasileira do orçamento — apontou Dilma.
Além da ex-presidente, participaram do evento o ex-ministro e candidato à Presidência da República Fernando Haddad e líderes de PT, PDT, PSB, PCdoB, Rede e PSOL. Na prática, o encontro estabeleceu a tentativa de levar adiante uma frente para fortalecer os partidos de centro e de esquerda.
Diferente dos demais líderes, Haddad não discursou no evento, mas leu a "carta em defesa da soberania nacional" escrita pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que está preso em Curitiba. O texto diz que o Brasil é "destroçado por traidores" que estão "entregando o patrimônio do país".
A etapa de abertura do evento foi encerrada aos gritos de "Lula livre".