O vice-governador do Estado, José Paulo Cairoli, aproveitou o último seminário de governo, nesta segunda-feira (03), para criticar a Assembleia Legislativa e reclamar das dificuldades enfrentadas para conseguir apoio dos deputados aos projetos do Piratini. A 28 dias do fim do governo, Cairoli disse que as articulações para conseguir apoio aos projetos ocorreram com cada um dos deputados, sugerindo que até mesmo cargos de estágio entraram nas negociações.
— Sei o quanto foi difícil negociar, deputado a deputado, cada projeto de lei que beneficiava o Estado e não beneficiava o governo. E não houve partido, era deputado a deputado! Se negociava estágios, esse é o nível do embate político para decidir os rumos do Estado. Isso me frustra, de ver que fomos de forma muito transparente, objetiva, dizendo o que é, ver outros poderes ou outro poder se utilizando desses métodos que entendia que já deviam estar superados - disse Cairoli.
No mesmo discurso, o vice-governador também se mostrou incomodado com alguns partidos, que ele não nominou, por terem deixado o governo no início de 2018, sem, no entanto, deixar os espaços de indicação política no governo. Ainda segundo Cairoli, os deputados estaduais usam os seus votos para seus próprios fins, sem pensar na sociedade:
— Conseguimos avançar tanto que os partidos que estiveram junto conosco (na base) até abril, maio, que interessante, saíram, mas mantiveram a estrutura deles no governo. O que quero dizer com isso é que, o que me frustrou efetivamente na política é que as pessoas que damos poder como sociedade, que são do Legislativo, se utilizam de seu voto não com uma visão de partido ou olhando para a sociedade, mas olhando para si, para o seu umbigo.
A fala de Cairoli ocorreu durante discurso no último seminário de governo, que reúne o alto escalão do Piratini, os gestores de áreas e os indicados políticos. O tema desta edição do evento, que ocorre desde o primeiro ano de gestão, foi Todos Pelo Rio Grande - Trabalho, Conquistas e Legados. Conforme o próprio governo, o evento "celebra todas as realizações e mudanças promovidas pelo governo de Sartori".
Ao final de seu discurso, Cairoli também criticou a RBS por reportagem que revelou que o atual governo foi informado, antes das eleições, de que a assinatura do acordo com a União – para adesão ao regime de recuperação fiscal – dependia da inclusão do Banrisul na lista de privatizações de estatais:
— Essa barbaridade que a RBS coloca com relação ao regime de recuperação fiscal. Um engodo, uma mentira, que deve estar querendo beneficiar alguém.
Ouça abaixo trecho em que Cairoli fala sobre a relação do governo com a Assembleia: