Depois da reação negativa da bancada evangélica sobre indicação para o Ministério da Educação (MEC), o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) chamou de "fake news" as notícias de que ele teria convidado Mozart Ramos para o cargo.
Ele não descarta conversar com Mozart, que é diretor do Instituto Ayrton Senna, mas disse que estuda indicar o procurador Guilherme Schelb para o MEC.
— Eu vou conversar hoje com o senhor Guilherme Schelb também. A gente conversa para tomar decisão lá na frente. É um ministério importantíssimo, como outros, e é ali que está o futuro do Brasil — disse.
Schelb é procurador e defende bandeiras comuns a Bolsonaro e à bancada evangélica, como a proibição de que escolas discutam temas como gênero e sexualidade.
A bancada evangélica reagiu na quarta (21) a notícias de que Ramos poderia assumir o Ministério.
O deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ) disse que Ramos desagrada o grupo e pediu uma conversa com Bolsonaro para discutir a escolha para Educação.
Ramos nega que tenha sido convidado e aceitado ser ministro, mas a informação foi confirmada ao jornal Folha de S.Paulo de forma reservada por pessoas da equipe do futuro governo. O diretor disse, em nota, na quarta, que iria a Brasília nesta quinta-feira (22) para conversar com a equipe de Bolsonaro sobre Educação.
— Eu converso com todo mundo, não sei se ele vai estar em Brasilia hoje. Eu converso com ele sem problema nenhum. Já conversei no passado com a Viviane Senna, com outras pessoas — disse o presidente eleito.
PRINCIPAIS DESAFIOS PARA A EDUCAÇÃO
BNCC (Base Nacional Comum Curricular)
O documento que indica o que as escolas públicas e privadas devem ensinar da educação infantil ao ensino fundamental está em fase de implantação nos estados e municípios. Ainda falta a parte referente ao ensino médio.
Ensino médio
Considerado o maior gargalo da educação básica, com altas taxas de abandono e baixos indicadores de aprendizado. A reforma da etapa, proposta pelo governo Temer, só pode ser posta em prática após a aprovação da BNCC referente à etapa (ainda está em discussão no Conselho Nacional de Educação). Além disso, parte do conteúdo poderá ser oferecido a distância.
Educação infantil
Menos de um terço das crianças de até 3 anos estão em creches. A meta incluída no PNE (Plano Nacional de Educação) é matricular ao menos metade das crianças dessa faixa etária até 2024. Na pré-escola, todas as crianças de quatro e cinco anos deveriam estar matriculadas desde 2016. No entanto, mais de 500 mil não têm vaga (9,5% do total)
Escola sem Partido
O projeto, que limita a liberdade do professor na sala de aula e veta abordagens sobre temas de gênero e sexualidade, tramita no Congresso. Bolsonaro é favorável à proposta e descreve a suposta doutrinação política como um dos grandes problemas da educação. Segundo especialistas, essa visão coloca em jogo o modelo de escola que o país deveria adotar.
Fundeb
O fundo, uma das principais fontes de financiamento da educação básica no país, deixa de valer em 2020. Novas versões são discutidas no Congresso Nacional, e propõe-se, entre outras coisas, ampliar a contribuição financeira da União.