A inédita aliança entre alguns partidos aliados e de oposição ao governo Sartori derrubou, nesta terça-feira (5), a proposta que garantiria a realização de plebiscito para privatizar estatais. Com críticas especialmente ao deputado Lucas Redecker (PSDB), ex-secretário estadual de Minas e Energia, o vice-governador José Paulo Cairoli confirmou, em entrevista ao Gaúcha Atualidade, nesta quarta-feira (6), que a judicialização é uma possibilidade:
— É um assunto que há mais de dois anos vem sendo colocado. Agora, vamos fazer nossa avaliação, deixar esfriar um pouco a cabeça e, talvez, ao longo dessa semana, teremos uma definição política para tomar nossa decisão.
Ao falar sobre a mudança de lado dos partidos que até pouco tempo integravam a gestão Sartori — PSDB, PP e PDT —, Cairoli direcionou a crítica a Redecker, afirmando que, como secretário, o deputado "conheceu profundamente" as necessidades do Estado.
— Me leva a (acreditar que Redecker) efetivamente só pensou nas eleições, esquecendo do estado do Rio Grande do Sul, esquecendo dos gaúchos. E vou mais longe. Nós estamos fazendo isso não para nosso governo, temos consciência da nossa responsabilidade de fazer o que tem que ser feito para as próximas gerações e governos — disparou o vice-governador.
Ouça a íntegra da entrevista de Cairoli:
Redecker solicitou resposta e foi ouvido na sequência do Gaúcha Atualidade. Secretário até dois meses atrás, o tucano disse que, enquanto parte do governo Sartori, foi "o único secretário disposto a discutir a venda de estatais que faziam parte da sua pasta".
O parlamentar disse, ainda, que é favorável às privatizações, mas que é contra à redução do tempo de discussão antes do plebiscito e que isso ocorra durante o período eleitoral deste ano. Redecker aproveitou também para criticar o que chamou de "estratégia política do governo" de não realizar a consulta popular junto com as eleições municipais de 2016:
— Naquela época, o governo conseguiu aprovar o aumento de ICMS na Assembleia, algo muito mais difícil, e conseguiria aprovar o plebiscito naquele momento, mas não quis se desgastar.
Ouça a íntegra da entrevista de Redecker:
Na prática, a rejeição do plebiscito vai dificultar ainda mais a adesão do Rio Grande do Sul ao regime de recuperação fiscal, já que a venda de ativos é uma das exigências da União.
Apesar da derrota na Assembleia, Cairoli afirmou, mais de uma vez ao longo da entrevista, que acredita que o pré-acordo será assinado por Sartori ainda neste mês e que, até a concretização do acordo final, o governo terá tempo de negociar as cláusulas com a União.