
Presos em diferentes investigações, o ex-ministro Geddel Vieira Lima, o doleiro Lúcio Funaro e o executivo da JBS Ricardo Saud vêm trocando provocações no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Segundo relatos obtidos pelo jornal O Estado de S. Paulo, Funaro costuma gritar para Saud no final do período de banho de sol, antes de voltar à cela.
— Saud, vou te matar — provoca o doleiro, que teria entregado o executivo da JBS em acordo de delação premiada.
Em seguida, Geddel reforça a ameaça.
— Saud, também vou te matar.
Segundo o jornal, o executivo da JBS também responderia:
— Cala boca, seu gordo!
Geddel, Funaro e Saud não se encontram durante o banho de sol e estão separados na Papuda. De acordo com o Estado de S. Paulo, até mesmo os advogados se revezam para que os investigados não tenham contato no parlatório da cadeia.
Prisões
Ex-ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer, Geddel foi preso preventivamente em 8 de setembro após a Polícia Federal (PF) encontrar caixas e malas de dinheiro contendo R$ 51 milhões em dinheiro vivo dentro de um imóvel ligado ao peemedebista em Salvador. Ele é investigado na Operação Cui Bono, que apura suspeitas de irregularidades de pagamento de propina na liberação de financiamento de R$ 4,3 bilhões da Caixa Econômica Federal para empresas — entre elas as da holding J&F, que engloba a JBS.
Preso desde julho de 2016, Funaro foi classificado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, como "um dos grandes operadores da organização criminosa investigada na Operação Lava-Jato". O doleiro seria operador financeiro do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e é suspeito de receber subornos de grandes empresas em parceria com o ex-parlamentar.
Saud foi preso em 9 de setembro a pedido do então ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O então PGR solicitou a detenção do executivo da JBS depois da descoberta de uma conversa de quatro horas de Saud com o dono da empresa, Joesley Batista. Os investigados são suspeitos de omitir informações no acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público Federal.