O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Tripoli (PSDB-SP), anunciou na tarde desta quinta-feira (05) a decisão de retirar o deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.
A medida é uma resposta à escolha de Andrada como relator da denúncia contra o presidente Michel Temer, que não é apoiada por Tripoli. No entanto, Andrada deve seguir à frente da relatoria, ocupando a vaga de outro partido na CCJ.
A iniciativa do líder do PSDB expõe o racha de uma ala do partido com o governo Temer. Nos bastidores, também é lida como uma revanche ao presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), que não atendeu ao apelo dos tucanos e nomeou Bonifácio para a função.
– A escolha do deputado federal Bonifácio de Andrada teve critérios próprios e já amplamente divulgados, sem motivação partidária. Portanto, ele permanecerá relator caso se mantenha na CCJ pelo PSDB ou qualquer outro partido – afirmou Pacheco.
A tendência é de que Bonifácio siga como relator da denúncia. Para isso, ele deverá ocupar a vaga de outro partido na comissão, o que é permitido pelo regimento. Vice-líder do governo, o deputado Beto Mansur (PRB-SP) disse que “qualquer partido da base teria prazer em ceder uma vaga a Bonifácio”.
Andrada é considerado um nome alinhado aos interesses de Temer. A expectativa de aliados do presidente é que ele elabore um parecer contrário ao prosseguimento da denúncia de organização criminosa e obstrução à Justiça. Na acusação de organização, também são alvos os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência).
Caso não haja mudança na relatoria, o presidente da CCJ calcula que a votação do parecer ocorrerá dentro de duas semanas.