A força-tarefa da Operação Lava-Jato de Curitiba foi convidada "a comparecer no Palácio do Jaburu à noite" às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff no ano passado. A informação do convite foi revelada nesta segunda-feira (14) pelo procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa, que participa do Fórum de Compliance da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo. Na ocasião, o Palácio do Jaburu era a residência oficial do vice-presidente Michel Temer.
– Tenho para mim que encontros fora da agenda não são ideais para nenhuma situação de um funcionário público. Nós mesmos, às vésperas do dia da votação do impeachment, fomos convidados a comparecer no Palácio do Jaburu, à noite, e nos recusamos. Nós entendíamos que não tínhamos nada a falar com o eventual presidente do Brasil naquele momento – afirmou.
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– Só houve um convite e nós recusamos – enfatizou o procurador.
Lima trouxe o fato à tona após ser questionado sobre sua opinião a respeito do encontro fora da agenda oficial que a futura procuradora-geral da república, Raquel Dodge, teve com o presidente Michel Temer na noite do último dia 8.
Lima reforçou que "todo funcionário público é responsável pelos atos que têm".
– Eu não sou o corregedor do Ministério Público. Eu posso dizer por nós. Nós estivemos em uma situação semelhante e nos recusamos comparecer. Nós temos agora que avaliar as consequências dentro da política que o Ministério Público vai ter a partir da gestão dela – disse o procurador.