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Um episódio polêmico ocorrido em 2000, no quintal do Rio Grande do Sul, teria, mais tarde, reflexos importantes no cenário político nacional. Naquele ano, o PDT havia optado por deixar a administração do governador Olívio Dutra (PT). Era ano de eleição municipal e o partido decidira lançar o ex-governador Alceu Collares na disputa pela prefeitura de Porto Alegre. Já o PT, lançara o ex-prefeito Tarso Genro à sucessão de Raul Pont.
Um grupo de pedetistas mais identificado com o projeto do PT não aceitou deixar os cargos no governo Olívio e, muito menos, aceitou apoiar Collares, decidindo, no segundo turno, abrir voto para Tarso. Na liderança desse grupo _ integrado por Dilma Rousseff, Milton Zuanazzi, Renan Kurtz, entre outros _ estava Sereno Chaise.
A postura de Sereno contrariava a decisão nacional do partido, sob o comando de Leonel Brizola. Ambos, após mais de 50 anos de convívio, rompiam. E não era qualquer rompimento. Graças a Sereno que Brizola conseguira, até então, manter o PDT gaúcho sob o seu controle. Sereno cumpria o que Brizola determinava. Os dois eram amigos, confidentes, cúmplices. A briga de ambos entrou para a história da política gaúcha. Brizola morreu em 2004 sem nunca mais ter reatado com o seu braço direito.
A briga com Brizola levou Sereno, Dilma e os demais para o PT. Inclusive um filho de Brizola, o José Vicente, foi na carona. A filiação partidária de um trabalhista histórico como Sereno era um troféu para os petistas. Dilma era uma figura respeitada, mas era uma técnica até aquele momento, não tinha o mesmo peso político de Sereno.
Dois anos mais tarde, Luiz Inácio Lula da Silva se candidatava à Presidência na sua quarta tentativa. Durante a campanha, o PT montou uma equipe de notáveis para elaborar o plano de governo de Lula, que viria a sair vitorioso naquelas eleições. Entre os integrantes dessa equipe estava Dilma, uma especialista na área de energia e minas. Foi ali que o futuro presidente a descobriu.
Dilma se transformaria em sua ministra de Minas e Energia e, posteriormente, em sua chefe da Casa Civil. Por fim, em candidata à Presidência e presidente da República.