A partir da saída de Geddel Vieira Lima do governo federal, no final de 2016, um dos donos da JBS, Joesley Batista, passou a ter contato com o deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que teria sido indicado pelo presidente Michel Temer como negociador. Uma das preocupações dos políticos envolvia o comportamento do ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do doleiro Lúcio Funaro, que foram presos. Em trocas de mensagens, o proprietário da JBS se referia a Temer como "seu chefe".
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A delação também detalha o encontro de 7 de março deste ano, ocorrido no Palácio do Jaburu. Na ocasião, já em contato com a Polícia Federal, Joesley gravou a conversa que teve com Temer. Ele relatou ter tratado de cinco assuntos.
1 – Temer teria vazado que os juros cairiam 1%, após reunião do Copom;
2 – O empresário disse que estava "cuidando" de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro, e Temer respondeu "importante manter isso";
3 – Temer indicou Rocha Loures como uma pessoa de sua estrita confiança;
4 – Joesley pediu para que Temer conversasse com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, sobre assuntos de interesse da JBS, envolvendo o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o BNDES;
5 – O empresário afirmou que o método para visitas, em horário noturno e entradas discretas, estava funcionando bem, e Temer teria concordado. Por fim, em um encontro posterior com Rocha Loures, Joesley relatou ter pedido que o deputado intercedesse junto ao Cade, pois uma empresa controlada pela holding J&F (controladora da JBS) precisava de liminar para afastar o monopólio da Petrobras do fornecimento de gás para uma termelétrica do grupo. O empresário ofereceu creditar 5% do lucro do negócio a Temer, e Rocha Loures teria aceitado. O deputado também teria acatado a oferta de outros repasses relativos ao destravamento de compensações de crédito de PIS/Cofins com débitos de INSS.