O senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) divulgou um vídeo, nesta terça-feira (23), respondendo às suspeitas levantadas pela delação dos donos da JBS. Na gravação, de quatro minutos, ele diz que foi "vítima de uma armação" e que "irá comprovar a sua inocência".
É a primeira manifestação do tucano desde a última quinta-feira, quando o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF),determinou a suspensão do seu mandato de senador e determinou a prisão de sua irmã, Andrea Neves, e do primo Frederico Medeiros, que trabalhou como tesoureiro da campanha de 2014.
Leia mais
Defesa de Aécio recorre ao STF para retomar mandato
Irmã de Aécio Neves pede liberdade ao STF e culpa irmão
Em artigo a site, Janot diz que delação é "muito maior" que áudios
– Eu fui vítima de uma armação conduzida por réus confessos que só tinham um objetivo: livrar-se dos gravíssimos crimes de que são acusados, mesmo que para isso tentassem implicar pessoas de bem – argumenta Aécio.
O tucano também disse que seus familiares não cometeram nenhum ato ilícito, que são “pessoas de bem que sofrem hoje com a injustiça das sanções que lhes foram impostas”. Aécio relatou a sua versão sobre o pedido de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos proprietários da JBS. Segundo o senador afastado, não se tratou de uma negociação de propina, como disse Joesley, mas de um pedido de empréstimo.
– Há cerca de dois meses, eu pedi à minha irmã Andrea que procurasse o senhor Joesley e oferecesse a ele a compra de um apartamento, onde a minha mãe vive há mais de 30 anos, herança de seu ex-marido, e que havia sido colocado à venda – diz o tucano.
Segundo Aécio, os recursos da venda do imóvel serviriam para pagar seus advogados. No entanto, Joesley teria proposto o empréstimo, que seria “legalizado através de um contrato de mútuo”. Agora, ao saber que os executivos da JBS fecharam acordo de delação premiada, o tucano diz que foi criada uma “falsa situação”.
– Na verdade, o que ele queria era criar uma falsa situação, que transformasse uma operação entre privados, que não envolveu dinheiro público, que não envolveu qualquer contrapartida, em um ato de aparência ilegal – alegou.
No final do vídeo, Aécio afirma que cometeu três erros: "permitir que minha irmã se encontrasse com Joesley", utilizar “vocabulário que eu não costumo usar”, e “me deixar enganar numa trama montada por um criminoso”. Por fim, o senador afastado disse que irá "lutar para retomar seu mandato" e "comprovar a sua inocência e de seus familiares".