A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, nesta sexta-feira, que achou estranho o resultado das duas votações de seu julgamento no Senado, na última quarta-feira.
– Vota de uma vez de um jeito, vota de outra vez de outro. É no mínimo estranho – disse a petista em entrevista a correspondentes estrangeiros, no Palácio da Alvorada.
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No Senado, ela foi afastada do cargo por 61 votos a 20 e manteve os direitos de exercer funções públicas por 42 votos a 36, votação insuficiente para aplicar a pena da inabilitação. Ela comentou que, como mineira, ficou "desconfiada" com o resultado.
– Nós somos um povo muito desconfiado. Nem sempre a estrada dos votos é uma estrada retinha, ela é muito tortuosa – afirmou Dilma.
A ex-presidente afirmou que o processo de impeachment que a tirou do poder, não existindo um crime de responsabilidade, "tem uma imensa fragilidade jurídica".
Em entrevista para jornalistas estrangeiros no Palácio do Alvorada, ela voltou a explicar as argumentações técnicas de sua defesa, afirmando que outros presidentes já haviam editado decretos de crédito suplementar idênticos aos dela e que o Ministério Público Federal (MPF) deixou claro que a presidente não tem participação na execução do Plano Safra.
Ela ressaltou que respeita a decisão do Senado, mas vai recorrer da decisão em todas as instâncias possíveis e que, nem por isso, seu impeachment deixa de ser um "golpe parlamentar".
– Mais uma vez a democracia foi julgada comigo e infelizmente nós perdemos. Espero que todos juntos saibamos reconstruí-la, que ao longo desse processo sejamos capazes de ter clareza daquilo que nunca mais pode acontecer.
*Estadão Conteúdo