
Escolhido pelo PMDB para representá-lo na disputa pelo Palácio Piratini, o ex-prefeito José Ivo Sartori defende reformas estruturais para tirar o Estado da crise e afirma que o projeto de renegociação da dívida com a União - uma das principais metas do governador Tarso Genro para o ano - é "mero paliativo". Sartori venceu a prévia do partido realizada no sábado.
Com 72% dos votos, o ex-prefeito de Caxias do Sul derrotou Paulo Ziulkoski, ex-prefeito de Mariana Pimentel e presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A pré-convenção, realizada no Teatro Dante Barone, na Assembleia Legislativa, movimentou as bases do partido e reuniu 1.380 votantes.
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A vitória de Sartori torna mais difícil o apoio dos peemedebistas gaúchos à candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição. Ainda que o PMDB nacional mantenha a aliança com o PT - conservando o vice-presidente Michel Temer na chapa -, a seção da legenda no RS pode optar pelo apoio à candidatura do governador Eduardo Campos (PSB-PE) ao Planalto. Ziulkoski representava o grupo que prefere a união com Dilma. Seus principais cabos eleitorais eram o deputado Eliseu Padilha e o ex-deputado Mendes Ribeiro Filho.
No sábado, Sartori encaminhou à direção do partido diretrizes para o plano de governo que será elaborado a partir de agora e ditou o tom que será dado pelo PMDB na disputa, com críticas à administração petista e defesa da reestruturação do Estado.
O caxiense minimizou a importância da renegociação da dívida do Rio Grande do Sul com a União, projeto que está parado no Congresso à espera do aval do Planalto. A proposta é classificada por Tarso como vital por colocar um freio no saldo da dívida e por abrir, instantaneamente, espaço para novos financiamentos.
- O projeto é um mero paliativo, não tem impacto imediato. O que vai mudar o Estado são as reformas estruturais, que precisam ser feitas em conjunto com todos os setores da sociedade - explicou.
Sartori tentará levar à campanha a imagem de bom gestor e promete uma disputa também ideológica com o PT. Um dos pontos defendidos por ele é a necessidade de fazer parcerias público-privadas (PPPs) para recuperar a infraestrutura do Estado. Os petistas têm resistências às PPPs e criaram uma estatal para gerir as estradas antes sob concessão privada.
- As reformas estruturais exigirão muito suor, muito sangue e muitas lágrimas. Não se faz a transformação sem dor - afirmou Sartori.
A partir de agora, o PMDB deve se concentrar na escolha do candidato ao Senado e na definição da posição da legenda em relação à disputa pela Presidência. A decisão deverá ser tomada até junho, época da convenção da sigla. Até lá, o senador Pedro Simon deverá anunciar se quer ou não concorrer à reeleição. Caso desista, o ex-governador Germano Rigotto, o ex-deputado Ibsen Pinheiro e o ex-prefeito José Fogaça devem buscar a indicação.