Durante duas horas, na tarde desta terça-feira, conselheiros, secretários e entidades discutiram o legado da Copa do Mundo para o Rio Grande do Sul. O debate no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social do Estado (Cdes-RS) é resultante das recentes manifestações das ruas que questionam a realização do evento esportivo no país. No Rio Grande do Sul, os investimentos em infraestrutura estão estimados em R$ 7,4 bilhões, segundo a Secretaria Estadual de Esporte e Lazer. A pasta também projeta uma arrecadação de R$ 69 milhões deixada por turistas durante a Copa.
No entanto, todos os presentes no encontro de hoje concluíram que as obras são importantes para o Estado, mas é preciso fazer uma revisão do impacto social dos projetos. O representante do Comitê Popular da Copa, Valdir Bohn Gass, criticou a política de remoção de famílias para as obras na Capital:
- A forma como está sendo conduzida, sem o processo transparente e participativo, a retirada de famílias da Vila Dique, Vila Nazaré e no entorno da avenida Tronco, provoca o atropelo de direitos dos moradores destas regiões. Esta é nossa crítica. A cidade, de fato, tem que ser construída, mas com todos e para todos - destaca.
O secretário executivo do Cdes-RS, Marcelo Danéris, ressalta que não há oposição do Conselhão em relação à realização da Copa do Mundo no Estado, mas admite que é preciso rever a forma como estão sendo conduzidos os projetos de infraestrutura no Estado:
- Quem participou do debate de hoje apoia a Copa. Todos, por unanimidade, apoiam a Copa. Mas também é verdade que alguns elementos de investimento em obras devem ter reanalisados e reavaliados o impacto social. Por isso, faremos uma reunião para avaliar exclusivamente estes aspectos - afirma.
Para a reunião desta terça-feira também estava previsto a presença de representantes do Bloco de Lutas pelo Transporte Público, principal responsável pelas manifestações de rua na Capital; no entanto, o movimento não compareceu ao encontro. Por telefone, um dos integrantes do Bloco, Matheus Gomes, afirmou que não recebeu convite do Governo do Estado para participar do debate.