Com a prisão de Luan Barcelos da Silva, assassino confesso de três taxistas em Porto Alegre e três em Santana do Livramento, a Polícia Civil mostra para a sociedade a importância da inteligência numa investigação.
O que os policiais fizeram foi montar um quebra-cabeça de centenas de peças para chegar ao rapaz de 21 anos com provas que não deixassem dúvidas sobre a autoria dos crimes. Tanto, que a confissão do assassino serviu apenas para confirmar o que a polícia já sabia.
A elucidação dessa série de assassinatos foi o maior mistério enfrentado pela polícia gaúcha desde o início do governo Tarso Genro. Sob o comando do delegado Ranolfo Vieira Jr., as equipes de investigação fizeram um trabalho notável para tirar das ruas um assassino frio, que não deu a suas vítimas a chance de entregarem dinheiro, celular e carro para continuar vivos. Luan matou e só depois foi vasculhar os veículos em busca de dinheiro, celular e outros pertences.
A investigação também mostrou a importância das câmeras de monitoramento. Graças às imagens captadas nas ruas por onde o assassino passou, foi possível montar a sequência que o ligava a cada uma das mortes. Pela roupa, pela mala e pelo andar, a identificação foi tomando forma. Faltava a prova cabal, e ela veio na forma de impressão digital do assassino no carro de uma das vítimas.
Com todos os ingredientes de uma novela policial, os assassinatos dos taxistas só têm um detalhe que não convenceria nem na ficção: a motivação de Luan. Dizer que matou e roubou porque precisava pagar o aluguel é inverossímil. É possível que estejamos diante de um psicopata ajudado pela facilidade com que um delinquente circula armado a pé, em ônibus ou táxis.
Com uma arma comprada ilegalmente no Uruguai, esse assassino matou três taxistas em Santana do Livramento, viajou em um ônibus intermunicipal, entrou em pelo menos quatro táxis em Porto Alegre, matou mais três motoristas e saiu andando sem ser interceptado.
A carreira de crimes acabou neste fim de semana, deixando para a polícia a lição de que é preciso intensificar as revistas a passageiros para proteger aqueles que ganham a vida como taxistas.
Opinião
Rosane de Oliveira: "O grande dia da polícia"
Rosane de Oliveira
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