Há exemplos de sobra de partidos que expulsam líderes suspeitos de corrupção. O DEM fez isso recentemente com José Roberto Arruda e Demóstenes Torres. Ambos foram desligados da sigla, que tentou lavar as mãos ao dizer que já havia agido para resolver o problema.
O PT, na contramão, assumiu as consequências e o desgaste de manter José Dirceu filiado, com direito a retorno ao diretório nacional em 2010. Por quê? São muitas as respostas para essa pergunta. Uma das mais relevantes está alinhada com o fato de que ele conseguiu "manter o PT no poder após a denúncia do mensalão".
- Ele poderia sair atirando, compartilhando responsabilidades. Qualquer declaração ou bobeada dele poderia fortalecer o processo de impeachment que tentou se criar - avalia um líder petista, ressaltando que Dirceu encarou o processo "sozinho".
A permanência de Dirceu no PT também se deve ao seu forte enraizamento nas bases partidárias, à influência exercida ainda hoje sobre os dirigentes e à gratidão dos colegas por ter sido ele o mentor do projeto que levou Lula ao poder.
Ao mesmo tempo, o PT jamais aceitou a existência do mensalão. Admite-se caixa 2, mas não compra de votos. Alijar um poderoso companheiro soaria como confissão de culpa, avaliam petistas.
Dirceu moderou as palavras. O mesmo se aplica a José Genoino, ex-presidente da sigla, que também não foi expulso. Este, no entanto, ficou completamente afastado do núcleo petista. Só passou a ocupar cargo no Ministério da Defesa a convite de Nelson Jobim.