Na primeira sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, Daniel Santos (Republicanos) foi anunciado como líder de Governo. O vice-líder é Wagner Petrini (PSB). Segundo o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), a escolha da dupla foi baseada na sintonia com a administração e pela facilidade de diálogo com os demais parlamentares. No entanto, o nome de Santos surpreendeu pelo vereador ser quase um "estreante" na Casa. Ele chegou a assumir, por 30 dias, a cadeira do vereador Elisandro Fiuza (Republicanos) em 2024 e em 2025 entrou como suplente no lugar de João Uez (Republicanos), que foi convidado para ser o presidente do Samae no segundo mandato de Adiló.
Ao Pioneiro, Daniel Santos destacou que a função é técnica, que envolve articulações entre o Executivo e Legislativo, mas que seu propósito é trabalhar pela cidade. Confira a entrevista completa abaixo.
Pioneiro: Qual é a função de líder de governo?
Daniel Santos: A principal função é ser o porta-voz do Governo na Câmara de Vereadores. E não só isso, também eu carrego comigo a questão de levar as demandas dos vereadores para o Executivo. E até em relação a projetos apresentados pelo Executivo, representando, defendendo e fazendo uma explanação dos projetos.
E como foi a articulação para o senhor assumir a função?
Foi uma conversa que o prefeito teve comigo, porque no ano passado, quando eu assumi por 30 dias, mesmo não estando alinhado totalmente com o prefeito, eu, Daniel, enquanto vereador, vendo as situações na Casa, que nós estávamos em pré-campanha das eleições, houve muita discussão, muitos embates e eu consegui fazer uma defesa muito coerente, muito correta das ações do Governo perante as cobranças. Baseado nisso, o prefeito me procurou e fez o convite para que eu fosse a liderança de governo aqui na Casa. E eu acabei aceitando.
Então, ser líder com mais da metade da bancada nova, precisa estar muito alinhado com o Governo para corresponder a essa função
DANIEL SANTOS (REPUBLICANOS)
Líder de Governo
Mesmo que o senhor tenha assumido o ano passado, essa é a primeira vez que está desde o início na Legislatura. Muitas pessoas podem olhar e dizer que o senhor é "novato", está recém entrando na Casa. Como é que o senhor vê essa situação, principalmente na função de líder de Governo?
Eu fico, de certa forma, lisonjeado, porque é difícil ser convidado justamente no início, sem ter grande experiência. A questão é que eu sempre digo que eu tendo conhecimento, embasamento e, vamos dizer assim, a certeza de que o trabalho está sendo feito por parte do Executivo, eu vou saber argumentar e defender. Foi baseado nisso que o prefeito me convidou. E sei que é uma responsabilidade muito grande estar aqui nessa função de representar e conseguir fazer uma boa articulação, inclusive apresentar para os vereadores de oposição e os da base o entendimento do que está acontecendo, que os secretários estão trabalhando, dar retorno em relação à demanda dos vereadores. Então, ser líder com mais da metade da bancada nova, que vai vir com muita ânsia de trabalho, precisa estar muito alinhado com o Governo para corresponder a essa função.
Como está a convivência com o vice-líder, Wagner Petrini (PSB)? Estão alinhados?
Sim, com certeza. Inclusive, o prefeito perguntou quem seria um bom nome para ser o vice-líder e eu citei o nome dele que, por coincidência, também já era o que o governo havia pensado para ser o vice-líder. E é bom porque ele já é uma pessoa que já vem de outros mandatos, já tem experiência e nisso a gente soma na questão de articulação e, vamos dizer assim, de conhecimento do rito da casa, né? Então, um ajuda o outro.
O senhor tinha alguns posicionamentos fortes contra o Governo Adiló anteriormente. Como o senhor se tornou da base?
Hoje eu paro muito para refletir em relação a isso, foram críticas que nunca foram em relação ao pessoal. Eu fiz parte disso. E em julho, quando eu vim para a Câmara, que foi onde eu tive um contato maior com o prefeito, eu vi o esforço dele em fazer um bom mandato. E aí a gente acaba amadurecendo e vendo que ninguém está, inclusive até na oposição que eu tenho aqui na Câmara, em relação a outros partidos, eu vejo que ninguém está para fazer algo contra o município com má vontade. Então eu vi que o prefeito tem boa vontade, sim, tem o propósito de ajudar Caxias e em julho eu vi isso. Então, por isso que hoje eu me sinto confortável em fazer parte da base e ser um líder de governo. Independente das críticas que eu fiz no passado.
É aquilo que eu sempre digo, o problema não é estar errado, o problema é estar errado e não dar o braço torcer ou não corrigir para que isso não aconteça novamente. E o governo está bem aberto a essas ponderações
DANIEL SANTOS (REPUBLICANOS)
Líder de Governo
Desde o início do ano, houve alguns problemas nos projetos de lei encaminhados pelo Executivo, que necessitaram mensagens retificativas, o que demandou mais reuniões das comissões para emissão de novos pareceres no mesmo dia em que as propostas estavam em votação. Como o senhor pretende articular com a administração para que essas questões sejam evitadas?
Eu conversei inclusive com o prefeito, conversei com o secretário (Roneide) Dornelles, chefe da Casa Civil, sobre isso, sobre essa questão dos projetos estarem alinhados. Fiz uma ponderação para que a gente tenha um entendimento melhor, uma análise um pouco mais aprofundada, justamente para não ter esse tipo de situação. Mas também eu vejo que faz parte do processo. É aquilo que eu sempre digo, o problema não é estar errado, o problema é estar errado e não dar o braço torcer ou não corrigir para que isso não aconteça novamente. E o governo está bem aberto a essas ponderações e com certeza os próximos projetos já vai se evitar muito que isso aconteça.
Há algum projeto com grande impacto para ser votado agora em fevereiro, como as distorções da lei 409/2012?
É o da equiparação salarial, né? Ainda não tem nenhuma definição se vai ser fevereiro ou março, eu não fui chamado ainda para discutir esse projeto. Então, nesse ponto, não sei te dizer e nem algum outro projeto. A princípio, veio esses em caráter de urgência, mas a partir daí, não veio nada. A partir de segunda-feira (10), vou ter a primeira reunião junto com os secretários e as já definidas reuniões de acordo com os projetos que vão vir para casa do Executivo, mas ainda não tenho nada definido.