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A reitora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Marcia Barbosa, disse que o primeiro curso de graduação na extensão na Serra só deve iniciar em março de 2026. Já a compra do Campus 8, da Universidade de Caxias do Sul (UCS), cotado para ser a sede da extensão, só será efetivada após a aprovação do projeto de instalação pelo Conselho da UFRGS. As informações foram dadas em coletiva de imprensa antes da reunião da reitora com empresários e sindicatos de Caxias do Sul e região, na noite desta quarta-feira (26), na CIC Caxias.
A reitora salientou que as negociações para a compra do Campus 8 estão em andamento, mas só serão de fato efetivadas depois de abril de 2025.
– Para fazer a compra do Campus 8 é preciso entregar o projeto para o Conselho da UFRGS e aprovar. (Nesse projeto) Tem que dizer que cursos, quando, que rotina. Tenho estimativa que vai acontecer no final do mês de abril, mas pode se estender. Aí passamos para a próxima etapa, que é identificar se é realmente para este local que temos que ir – detalha a reitora, sobre o processo.
Marcia reforçou, novamente, a importância da garantia de transporte coletivo até o Campus.
— E uma questão fundamental, não é secundária, não é uma negociação posterior. Só iremos para este campus se tivermos garantia de transporte coletivo. As pessoas precisam se transportar para estudar e vamos ter estudante de noturno, jovens trabalhadores e alguns deles vão precisar conciliar trabalho com estudo e isso requer fluxo de pessoas — destaca.
Ainda, frisou que o Ministério da Educação (MEC) segue trabalhando nos trâmites da negociação, como na alteração do termo do PAC Universidades que definia a construção em vez de compra de algum prédio para a nova instituição. Mas enfatiza que o “ok final" só será dado após a aprovação da UFRGS.
— Ele (MEC) já fez o que a gente chama TED, que é uma promessa de recurso que já tinha prometido. Se passar pelo conselho, fará o envio do recurso, que vai nos permitir fazer todo o planejamento e negociação. Se for o caso da compra, não pense que o valor ofertado vai ser o valor cumprido. Isso tem um pedaço de negociação que eu disse ao MEC: "eu não quero que o MEC faça essa negociação, porque tem que ser de gaúcho para gaúcho". Vai precisar também de recursos para reformas, que estão neste pacote. Então, quanto melhor for a minha negociação, melhor vai ser a minha reforma de infraestrutura para ter este atendimento — detalha Marcia.
Definição dos cursos
Outro ponto ressaltado pela reitora Marcia Barbosa foi sobre a definição dos cursos de graduação. Pelo andamento do processo, as atividades só devem se iniciar em março de 2026. Mas há uma remota possibilidade do oferecimento de atividades de pós-graduação ou cursos de extensão antes disso.
— A maior probabilidade, se tudo der certo, se a reforma der certo, é a gente começar (em 2025) com cursos de extensão e trazer alguma pós-graduação que já tenha na UFRGS para cá. Por exemplo, em educação, em algum elemento que não precise de uma infraestrutura muito grande. E trazer cursos de extensão, que são cursos mais fáceis de implementar. Com tranquilidade, eu diria que o primeiro curso abre em março de 2026, aí sim, curso de graduação.
A reitora ainda revelou que a ideia é que o processo seletivo para o ingresso na UFRGS da Serra seja diferente.
— O processo seletivo, que não será vestibular, que não será Enem, vai ser um processo seletivo específico para região, para valorizar quem é da “casa”.
Empresários querem cursos que se adaptem ao horário de trabalho
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Antes da reunião, o presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), Celestino Loro, destacou alguns dos tópicos para o encontro, como o foco na indústria local.
— Primeiro é procurar influenciar para que a gente tenha disponível aqueles cursos ligados à produção, produção de bens, de serviços, de comércio, ou seja, que são as grandes carências da região em termos de mão de obra, engenharias, pesquisa e tudo mais.
Além disso, salientou que farão um movimento para que os cursos ofertados sejam oferecidos em horários compatíveis ao mercado de trabalho.
— E o segundo ponto que me parece que vai surgir com bastante ênfase é que a universidade possa oferecer esses cursos em horários compatíveis com aquelas pessoas que precisam trabalhar, para se manter e poder ter o sustento, ou seja, que não sejam cursos que necessitem de dedicação exclusiva, porque a gente acaba filtrando, o trabalhador não vai poder ter acesso a essa formação — finaliza.
A reitora disse que conversa desta quarta com os empresários é essencial para as definições dos cursos, para entender para que rumo o mercado de trabalho deseja seguir nos próximos anos.
— Quero ouvir muito o mercado me dizendo: "olha, nós queremos ir nessa direção". Ao mesmo tempo que é muito importante que as empresas estejam engajadas com o projeto. Não faz sentido a UFRGS vir aqui, trazer os cursos que vêm da cabeça da UFRGS, ou trazer os cursos que só os jovens que vão para Porto Alegre desejam cursar. Quero entender como é que atendo a comunidade local e trago esses jovens para um nível do que o empresariado precisa lá adiante — finaliza Marcia.