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Com a renovação de 56% da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, com 13 parlamentares eleitos e 10 reeleitos, o cenário para os próximos quatro anos deverá ser polarizado. Quando a última legislatura (2021/2024) era preenchida por mais políticos do centro político, a que tomará posse no início de 2025 é muito mais da direita. Porém, esquerda e centro-esquerda também aumentaram suas cadeiras, o que pode resultar em um plenário mais dividido, com debates mais acirrados.
O crescimento da direita, que reverbera no restante do país e no mundo, também chegou em Caxias, alterando um segundo turno que era quase que um clássico na cidade, com os candidatos do PT indo para a disputa. Porém, desta vez, o candidato à reeleição, Adiló Didomenico (PSDB) conseguiu uma diferença de 2.853 votos sobre a candidata Denise Pessôa (PT) e vai para o confronto com Maurício Scalco (PL), que fez 89.260 votos.
No entanto, a composição da próxima bancada de vereadores mudou 56%, alterando o suficiente para que nenhum dos candidatos que foi para o segundo turno tenha a maioria dentro da Câmara. Por enquanto, a maior bancada eleita é a do PL, com cinco vereadores, além dos partidos da coligação de Scalco — o PP, com dois, e o Novo, com um. Assim, a base de apoio confirmada para Scalco em um eventual mandato tem oito vereadores. Já no caso de um segundo governo para Adiló, a base parte de sete vereadores. Nos dois casos, os atuais candidatos terão de compor e negociar para obter maioria.
Ao centro, onde, teoricamente, se encontra o partido de Adiló, o PSDB elegeu dois candidatos. Já o PRD, que tem atuação à direita, obteve uma cadeira. Assim, inverte-se a situação da última legislatura, na qual partidos que transitam no centro político estavam em maioria. Ainda é da base de apoio de Adiló o Republicanos, que elegeu dois vereadores — João Uez e Edson da Rosa. Já o PSB elegeu Wagner Petrini, ex-secretário e apoiador de Adiló, e Rodrigo Weber, ex-diretor-geral da Câmara, que se integram à base de apoio, que tem confirmados sete vereadores. Por fim, O PSD elegeu um, o vereador Juliano Valim, que tem tido uma atuação independente.
Já no campo da esquerda e de centro-esquerda, o número de cadeiras também aumentou, contabilizando cinco do PT e do PCdoB, e dois do PDT. No caso dos pedetistas, o vereador Rafael Bueno (PDT) abriu voto para Scalco em segundo turno, mas não há nenhum compromisso em relação a eventual apoio futuro no Legislativo. E os partidos de esquerda, PT e PCdoB, já anunciaram que serão oposição de qualquer um dos candidatos que assumirem.
Além disso, houve uma redução de duas bancadas em relação à atual composição, com o MDB e o União Brasil não conseguindo colocar parlamentares na eleição de agora. Confira no quadro abaixo como ficou a distribuição das cadeiras para o próximo mandato e a que está valendo até o final da atual legislatura, em janeiro de 2025.
Como será em 2025/2028
Base de apoio de Scalco = 8 confirmados
Bancada do PL: Daiane Mello / Hiago Morandi / Pedro Rodrigues / Ramon de Oliveira Teles (Capitão Ramon) / Sandro Fantinel.
Bancada do Novo: Sandra Bonetto.
Bancada do PP: Adriano Bressan / Alexandre Bortoluz.
Base de apoio de Adiló = 7 confirmados
Bancada do PSDB: Marisol Santos / Aldonei Machado.
Bancada do PRD: Lucas Suzin.
Bancada do Republicanos: João Uez / Edson da Rosa.
Bancada do PSB: Wagner Petrini e Rodrigo Weber. No caso do PSB, ainda há a chance concreta de Petrini, com Adiló reeleito, voltar à Secretaria de Habitação, abrindo espaço para o primeiro suplente Zé Dambrós.
Independente = 1
Bancada do PSD: Juliano Valim.
Oposição à esquerda, seja qual for o eleito = 5
Bancada do PT: Estela Balardin / Lucas Caregnato / Rose Frigeri.
Bancada do PCdoB: Claudio Libardi / Andressa Marques.
Oposição de centro-esquerda, seja qual for o eleito = 2
Bancada do PDT: Rafael Bueno / Andressa Mallmann.
Como manter a governabilidade
O prefeito que for eleito precisará equilibrar os ânimos, saber conversar e compor maiorias para conseguir fazer um governo para todos. A reportagem questionou Maurício Scalco (PL) e Adiló Didomenico (PSDB) para compreender como deverão lidar com a futura legislatura na Câmara.
Adiló Didomenico (PSDB)
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"Vamos governar da mesma forma que fizemos neste primeiro mandato. Quando assumimos em 2021, tínhamos seis vereadores na base. Mesmo assim, no primeiro ano, enviamos 102 projetos para a Câmara e conseguimos aprovar 99 _ um nós retiramos e dois foram prorrogados. Com diálogo e harmonia, com o interesse público sempre acima das diferenças, conseguimos aprovar projetos importantes para o município. Vamos continuar trabalhando com respeito à independência entre os poderes, independentemente da posição político-partidária de cada vereador. À Câmara de Vereadores nunca irá faltar a responsabilidade de colocar Caxias do Sul em primeiro lugar."
Maurício Scalco (PL)
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"Acreditamos que o processo será tranquilo e marcado por muito diálogo, afinal, ninguém governa sozinho. Para garantir a governabilidade em Caxias do Sul, temos um projeto sólido, focado nas necessidades da nossa cidade, independente de partidos políticos ou coligações. Estamos certos de que os vereadores reconhecerão a importância de apoiar iniciativas que beneficiem a comunidade e, assim, não hesitarão em votar em projetos que trarão melhorias para a população caxiense. Estamos comprometidos a trabalhar em colaboração com todos os vereadores, mantendo as portas abertas para que possam encaminhar as demandas da comunidade de forma contínua."