A ordem de serviço para a instalação da ponte provisória e construção da nova estrutura sobre o Rio Caí, na BR-116, ficou para as 9h desta terça-feira (4). Devido à neblina, o ministro dos Transportes, Renan Filho, não conseguiu pousar em Caxias nesta segunda-feira (3), quando estava prevista a solenidade de assinatura. Por isso, o ministro não irá mais vistoriar as obras na BR-116 e na BR-470, entre Bento Gonçalves e Veranópolis. A agenda agora só inclui a solenidade que vai marcar o início da implementação da estrutura metálica e a destruição da ponte antiga entre Caxias e Nova Petrópolis.
Um dos pilares da antiga estrutura no km 174 da rodovia federal cedeu no início da noite do dia 12 de maio, exigindo a interdição de todo o tráfego. Na última sexta-feira (31), a construtora Cidade foi escolhida para demolir a ponte antiga e construirá uma nova no local, cujo contrato será assinado nesta terça. Pelo serviço, ela irá receber R$ 31 milhões, sendo que os trabalhos precisarão ser executados em até oito meses. A construtora também terá que realizar o projeto executivo da nova ponte. Até lá, o trânsito será possibilitado por meio de uma ponte metálica do Exército, que deve começar a ser instalada nesta semana.
Com o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, fechado até dezembro, o Hugo Cantergiani, em Caxias do Sul, desponta como uma das principais alternativas no Estado para voos comerciais. Pela capacidade atual, a infraestrutura pode receber dois aviões comerciais simultaneamente, há disponibilidade de equipe para operar das 6h à meia noite, e, em casos de maior necessidade, pode receber até 30 voos por dia — o recorde, até então, são 11. O grande problema, entretanto, é um fenômeno natural difícil de controlar: a neblina.
Até o início da tarde desta segunda-feira (3), de quatro voos comerciais previstos até as 13h, apenas dois haviam conseguido pousar. A reportagem acompanhou a movimentação no aeroporto caxiense entre 13h e 14h30min, enquanto aguardava a chegada do ministro Renan Filho. Na primeira hora, a neblina era pouca, apesar do tempo nublado, mas a visibilidade da pista era clara. Um Boeing 737 da Gol embarcava seus passageiros, com previsão de decolar às 13h30min.
Pouco antes das 14h, o voo 1587 já estava atrasado, porém pronto para decolar, e, em questão de 10 minutos, a cerração tomou conta da pista do Hugo Cantergiani. Em determinado momento, o nevoeiro deu uma trégua e o avião da Gol chegou a ir até a ponta da pista. Mas logo teve que voltar e desembarcar os passageiros na esperança de que o clima pudesse melhorar.
Sem teto para pousar em Caxias, foi possível ouvir o avião que trazia o ministro Renan passar por cima do aeroporto. Orientados pela Força Aérea Brasileira (FAB), os pilotos permaneceram por cerca de 30 minutos circulando pelo céu caxiense até desistirem. Ainda sem possibilidade de aterrissar, rumaram para Florianópolis, que já era a alternativa pré-definida. Na capital catarinense, já reabastecidos, a decisão foi de voltar ao Rio Grande do Sul, dessa vez para pousar na base aérea de Canoas. De lá, o ministro faz o trajeto até Caxias de carro e passa a noite na Serra.
Expectativa de reduzir 50% dos cancelamentos
Dois equipamentos que visam aliviar os impactos causados pela neblina na aviação civil são o ILS (Sistema de Pouso por Instrumento, em português), e o Papi (Indicador de Percurso de Aproximação de Precisão, em português). O primeiro é considerado inviável pela prefeitura de Caxias, que administra a infraestrutura, pois depende de outros equipamentos para poder operar — uma das exigências é uma torre de controle, o que hoje não existe em Caxias. Já o Papi está sendo adquirido pela prefeitura, junto com outras obras de melhorias do aeroporto, como o recapeamento completo da pista e a ampliação do terminal de embarque e desembarque.
Segundo o secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, Alfonso Willenbring Jr., que é quem coordena a operação do aeroporto, as melhorias devem, além de ampliar a capacidade aeroportuária, reduzir em "no mínimo 50%" os cancelamentos de voos em função da neblina.
— Equipamentos não resolvem (o problema da neblina) em lugar nenhum do mundo. Efeito meteorológico não é resolvido com vontade própria nossa. O que conseguimos é melhorar a condição de operação. Temos um preconceito natural do caxiense com o nosso aeroporto em função da neblina, mas a neblina fecha aeroportos no mundo inteiro. Os equipamentos vão auxiliar muito e aliviar. Em momento algum pensamos o ILS como viável para o Hugo Cantergiani — explica Willenbring.