O terceiro dia de oitivas de testemunhas no processo de cassação do vereador Sandro Fantinel (sem partido) teve o último depoimento nesta quarta-feira (19). Cândida Luciane Fantinel, esposa do parlamentar, foi ouvida na condição de informante, pela relação pessoal com o acusado.
Fantinel é acusado de quebra de decoro parlamentar, por falas preconceituosas contra os baianos no plenário da Casa. Em 28 de fevereiro, ele sugeriu aos produtores da Serra que "não contratem mais aquela gente lá de cima", e disse dos baianos que "a única cultura que têm é viver na praia tocando tambor". Na fala, ele se referia aos trabalhadores da Bahia resgatados em situação análoga à escravidão em Bento Gonçalves, no final de fevereiro.
O depoimento da esposa começou por volta das 14h, na Sala das Comissões Geni Pettefi, na Câmara de Caxias. Na sequência, o vereador Sandro Fantinel deve ser ouvido.
Muito emocionada durante toda a fala, Cândida começou seu depoimento falando sobre sua história com Fantinel, contando sobre quando o conheceu em 2000 e sobre o período de moraram na Itália, durante 10 anos, entre 2002 e 2012. Na sequência, respondeu pergunta do advogado do vereador, que a questionou sobre as ameaças que sofreram após as falas preconceituosas de Fantinel no plenário da Câmara.
— A gente passou momentos de terror, de uma hora para outra, meu telefone não parava mais, era uma ameaça atrás da outra. Muitas pessoas, como vizinhos (ameaçavam), não tinha mais como sair na rua, foi muito cruel comigo, com o Sandro, com meu filho, com a minha sogra. Foi muito cruel. Não tinha força que aguentasse levantar a cabeça e sair na rua, não conseguíamos nem ir ao mercado na primeira semana. Nos chamaram de nazistas, todo mundo que tinha sobrenome Fantinel entrava em contato conosco relatando que estavam sendo ameaçadas também — relatou.
Por conta das ameaças, Cândida Fantinel relatou que o marido teve que consultar com psiquiatra para suportar a pressão.
— Ele foi ao psiquiatra, e começou a tomar medicamentos. Até hoje ele toma, porque vira e mexe alguma ameaça vem. Ele é muito humilde, muito emocionado, mas muito humilde. Quando ele vê que está errado, vai voltar atrás e pedir desculpas — explicou.
Quanto à cassação, disse não acreditar ser justa pelo trabalho que o vereador desempenha no projeto Agro Fraterno, de doação de alimentos.
— Não acho justo, muitas pessoas vão perder o benefício que recebem hoje em dia. Ele tira dinheiro do salário dele para sustentar o projeto, são muitas pessoas, toneladas de alimentos doadas — disse a esposa.
Além da investigação política, o vereador foi denunciado criminalmente pelo Ministério Público por crime de racismo, no dia 28 de março. Ele foi indiciado pela Polícia Civil em 13 de março. O caso aguarda os despachos da Justiça, que ainda não acatou a denúncia.