As grandes lideranças políticas do país e do Estado do Rio Grande do Sul serão escolhidas pelos eleitores neste domingo (30), em um intenso segundo turno de eleições. A Serra Gaúcha tem uma lista de prioridades para os dois futuros governantes, capazes de impulsionar o crescimento da região como um todo. Apesar das promessas feitas por candidatos, é incerto que todos os investimentos sejam resolvidos nos próximos quatro anos pelos governos federal e estadual.
Atualmente, a infraestrutura é a área que desponta como a mais fundamental para a Serra. Lideranças elencam melhorias, duplicações, repavimentações e modernizações em estradas que passam por toda a região serrana. Essas demandas devem ser o foco do futuro governador, pois o investimento na infraestrutura irá ampliar e facilitar o escoamento de produções e melhor o fluxo de trânsito para moradores e turistas. Outros projetos de médio a longo prazo incluem a construção do Porto do Litoral Norte e do Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, em Vila Oliva.
A saúde é um setor que precisará de muita atenção do próximo governo. Caxias do Sul é referência para 49 municípios da região, portanto, é fundamental que o sistema de saúde da cidade sempre receba investimentos e seja bem administrado. Para além da conclusão das obras de ampliação do Hospital Geral, a instituição enfrenta uma situação emblemática com o maior déficit orçamentário da história. Atualmente, cerca de 1,2 milhão de moradores da Serra dependem dos serviços prestados pela instituição que é referência no atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A ampliação de atendimento de alta complexidade na Serra passa por habilitar os hospitais regionais que já fazem atendimento para planos de saúde, mas que ainda não são habilitados pelo SUS para realizar determinados procedimentos.
Para a área educacional, a educação básica é a que mais precisa de investimentos e gestão. Além da crescente escassez de docentes, ações como valorização salarial e reconhecimento da profissão perante a sociedade são importantes para a retenção de profissionais. Lideranças indicam que é essencial o fomento financeiro dos próximos governos para incentivar a adesão de estudantes aos cursos de licenciatura.
O turismo não fica de fora da área de atenção demandada aos próximos governantes. Para além das regiões dos Vinhedos e das Hortênsias, todas as macrorregiões pedem mais políticas públicas para também lucrarem com o turismo.
Confira a seguir as principais demandas das cinco grandes regiões da Serra para os próximos quatro anos. As sugestões foram apontadas por entidades e lideranças na série de cinco reportagens A Serra Fala, que o Pioneiro veiculou ao longo da campanha eleitoral.
Hortênsias
- Duplicação, alargamento e obras de melhorias e manutenção nas rodovias da região. A insatisfação é predominante com a RS-235, que não conta sequer com alargamento de pista, e a BR-116, que não conta com obras de grande porte, também sem alargamentos e muito menos duplicação. Também é fundamental melhorias na RS-110, RS-484 e RS-476 para o transporte da produção. A 484 liga São Francisco de Paula a Maquiné.
- Investimentos para o Aeroporto de Canela, que atualmente recebe apenas aeronaves particulares. A intenção da região é que o aeroporto passe a ter voos regulares.
- Infraestrutura básica de propriedades rurais, como investimento em energia trifásica, internet e sinal de telefone, para alavancar os negócios da agricultura familiar.
- Para o turismo, as entidades destacam que há carência de um observatório do turismo para a região. A iniciativa iria acabar com a ausência de dados mais concretos sobre a atividade turística.
Campos de Cima da Serra
- Conclusão de quase nove quilômetros do trecho gaúcho da BR-285, em São José dos Ausentes, elevará o patamar de toda a região e permitirá o desenvolvimento em diferentes frentes.
- Implantação de um terminal rodoferroviário em Vacaria para alavancar a economia da região.
- Criação do Polo Tecnológico dos Campos de Cima da Serra. O projeto busca conceber ou aprimorar processos produtivos e serviços, através de pesquisa acadêmica, para aplicação nos setores que são foco do polo (agroindústria, agropecuária, desenvolvimento industrial, turismo e meio ambiente), visando agregar valor à cadeia produtiva do local.
- Profissionalização do turismo, capacitando a comunidade para atendimento aos turistas que chegam aos Campos de Cima da Serra.
Termas e Longevidade
- Entidades apontam que a BR-470, principal via para a região Termas e Longevidade, não suporta um grande fluxo e facilmente fica congestionada por ter raros trechos com pista dupla. O pedido é a criação de rotas alternativas, até mesmo para o uso de serviços de emergência. A situação é semelhante na região de Guaporé, que tem a RS-129 e a RS-130 como principais vias. Além disso, manter trecho federalizado da BR-470 federalizada, com ampliação para terceira pista.
- Implantação de uma universidade de ensino presencial em Veranópolis.
- Investimentos para qualificar a mão de obra na região para comércio, indústria e serviços, com foco também na área do turismo.
- Maior investimento na saúde, com aumento de repasses financeiros para o setor na região, pois há carência em profissionais de diferentes especialidades, como nutricionistas, fonoaudiólogos e fisioterapeutas.
Vinhedos
- Falta de mão de obra qualificada, principalmente para a indústria. O consenso das entidades é que o Sistema S está preparado para qualificar a mão de obra, contudo faltam políticas públicas e incentivos para desenvolver esse objetivo.
- Adoção de medidas para auxiliar a produção de alimentos na agricultura. As reivindicações do setor são por subsídios para o seguro rural e linhas de créditos para criação de reservatórios de água, para enfrentar a estiagem e a geada e o granizo do inverno.
- Políticas públicas para viabilizar mais investimentos para o turismo na região. Bento Gonçalves mira tornar as rotas do Vale dos Vinhedos e dos Caminhos de Pedras como referências nacionais. Os municípios menores apresentam suas belezas naturais e patrimônio conservado como alternativas atrativas.
- Incentivo para o jovem continuar no campo por meio de políticas públicas. Além disso, é reivindicado que os jovens do interior não precisem receber uma "educação urbanizada", onde são discriminados e se afastam de suas raízes. O entendimento é de que é preciso aproximar as escolas deste público.
Caxias do Sul
- Necessidade de fomento financeiro para incentivar a adesão aos cursos de licenciatura e evitar o “apagão” da educação básica.
- Modernização da Rota do Sol, RSC-453, para transformar-se na rota central para o escoamento da produção da região para o futuro Porto do Litoral Norte, em Arroio do Sal. Além do porto, entidades pedem a construção do aeroporto de Vila Oliva.
- Caxias tem o desafio de mapear e divulgar todos os pontos turísticos da região, entre os destinos nas zonas urbana e rurais. Uma das indicações é implementar internet em todos os pontos turísticos.
- Conclusão das obras do Hospital Geral. Também é preciso equacionar o atendimento de alta complexidade na traumato-ortopedia, na área cardiovascular, neurologia e gestantes de alto risco.