Por volta das 8h45min desta terça-feira (2), o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), iniciou seu discurso da tribuna do plenário da Câmara de Vereadores, um dia após completar um mês a frente do Poder Executivo caxiense. Às 8h51min, já havia encerrado. O prefeito fez um breve discurso e aproveitou para pontuar a necessidade de trabalho em conjunto entre os poderes. Diálogo, harmonia e transparência foram as palavras destacadas por ele. Ao final, se dirigiu até cada um dos parlamentares para fazer o cumprimento com a mão fechada, tradicional em meio à pandemia. Mesmo em clima aparentemente harmonioso, o tucano não deixou de avisar:
— Não há como nos omitirmos quanto aos ajustes, as pautas e reformas sensíveis que porventura entrarão em discussão — afirmou durante a fala oficial de abertura do ano legislativo.
Em outro trecho, citou:
— Temos convicção de que a prerrogativa regimental fiscalizadora não interferirá na harmonia entre os dois poderes e que certamente perdurará nos próximos quatro anos — pontuou.
Ao final do discurso, Adiló atendeu a imprensa no saguão de acesso ao plenário. Questionado pela reportagem sobre as reformas sensíveis a que ele se referia, Adiló explicou que ainda deverá debater como fará uma reforma administrativa na prefeitura. Segundo ele, o Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) será chamado para o debate.
— Um tema será Parcerias Público-Privadas. O transporte coletivo também porque vem aí a licitação e seguramente vai envolver um debate com os vereadores. Mas eu falo principalmente da reforma administrativa que há tantos anos se comenta. Sem mexer em direito conquistado de quem passou em concurso, mas precisamos preparar a cidade para o futuro. O fundo de aposentadoria é um tema que nos preocupa muito e que não há mais condições de postergar algumas decisões que teremos que tomar junto a sindicatos e conselhos. Neste momento é um dos itens que asfixia mais a questão financeira — disse.
Segundo o prefeito, o foco também será combater o desperdício e tornar a máquina pública mais eficiente.
— Hoje o sistema de informática da prefeitura é uma tragédia, algo que não se admite mais em 2021. Isso compromete o bom funcionamento — diz.
Pedido de informações sobre transporte coletivo
No mesmo dia em que o ano legislativo se iniciou com a presença do prefeito, uma das pautas em votação foi justamente um pedido de informações sobre a redução da tarifa e dados sobre o impacto da retirada das gratuidades mensais no transporte coletivo. O pedido, assinado pelo vereador Renato Oliveira (PCdoB), foi aprovado por unanimidade por volta das 11h45min. Durante o recesso, a bancada do PT colocou em votação um pedido similar, mas foi rejeitado por maioria. Sobre isso, o vereador Olmir Cadore (PSDB) disse que fazia mea culpa por ter sido contrário. O motivo, segundo ele, era de que havia uma reunião com o prefeito agendada para o mesmo dia (19/1) em que o assunto seria tratado. Nesta terça-feira, vereadores concordaram que ainda restavam dúvidas e, por isso, foram favoráveis à solicitação. O prefeito afirma, desde o ano passado, que a passagem pode chegar a R$ 3,50. O valor atual é R$ 4,65.
Para a reportagem, o prefeito destacou a expectativa para a licitação da próxima empresa que irá operar os ônibus em Caxias. Possibilidade de novos formatos de arrecadação são estudados pelo poder público.
— Estamos trabalhando duro para criar um ambiente favorável para que empresas venham disputar a licitação do transporte coletivo. Nossa expectativa é de ter ofertas de preço mais reduzido. Há uma frente de trabalho junto a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade que faz projetos alternativos para que rendas extras subsidiem a passagem. São propagandas na parte traseira dos ônibus, nas estações, nas placas de sinalização da cidade e ampliação do estacionamento rotativo. São frentes que estão sendo trabalhadas para que tenhamos arrecadação. Os R$ 3,50 (da tarifa da passagem) não são apenas uma promessa e sim um estudo. O problema é que o número de passageiros que se tem hoje não sustenta empresa alguma. Reduziu muito por conta da pandemia e aplicativos. Teremos que ter esse entendimento.
Adiló diz que irá trabalhar para que os R$ 3,50 sejam implantados ainda neste ano. O edital está em análise no Tribunal de Contas, sem data para ser concluída . Ele afirmou, ainda, que nenhuma empresa viria com cerca de 30% de gratuidades nas passagens.
Projetos enviados às pressas
Sobre o pacote de propostas aprovadas em sessão extraordinária, durante o recesso, no mês passado, o prefeito admite que foi feito às pressas, mas apresenta uma justificativa:
— Se eu disser que aqueles projetos não foram feitos às pressas seria uma ironia. Talvez faltou clareza de como apresentar. O contrato que estava destinado a construção de escolas e PPCI, perderíamos financiamento com juros subsidiados. Foi uma providência racional — diz.
Filho de vereador é qualificado como CC
A reportagem também perguntou ao prefeito se a nomeação de Ederson Soares de Oliveira, Edinho, filho do vereador Clóvis Xuxa (PTB), como Cargo em Comissão na prefeitura, não depõe contra ele por conta das críticas que eram feitas às nomeações de parentes do então prefeito Daniel Guerra. Adiló discorda.
— Não tenho nenhum familiar meu nomeado. Já tive filho meu que ficou desempregado quatro, cinco anos. Não é porque é filho do vereador, é porque é um aliado e tem a formação e experiência na área. Não conseguimos do nosso quadro de partidos completar. No governo Guerra se contemplou casais, parentes do prefeito, isso estamos muito atentos. Agora, não posso imaginar que alguém queira que eu contemple neste cargo um adversário, seria se puxar demais! O Edinho sempre foi um aliado nas lutas comunitárias, ser filho do vereador é um detalhe.
Questionado sobre a situação poder se repetir, ele responde:
— Não vamos ter objeção. Estamos fazendo um esforço muito grande para colocar as pessoas de acordo com a sua capacidade no lugar certo — disse.