Os diferentes decretos e os pronunciamentos em nível federal e estadual e a falta de sintonia entre os governos federal e estadual nas medidas para combater o coronavírus têm gerado dúvidas não apenas na comunidade, mas nos prefeitos de cidades gaúchas. Essa é percepção do prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna (MDB), após liberar a abertura do comércio e da indústria na última sexta-feira (27) e voltar atrás após perceber o aumento na circulação de pessoas na tarde desta segunda-feira (30).
Com a decisão, apenas estabelecimentos comerciais e de prestação de serviços definidas como essenciais podem abrir. O chefe do Executivo também determinou que as aulas, que retornariam na próxima sexta-feira (3), sigam suspensas nas 11 escolas da rede municipal. A previsão é que uma nova data para o retorno das atividades seja anunciada nesta quarta-feira (1º).
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O prefeito explica que a decisão de liberar praticamente todas as atividades comerciais foi tomada para adequar o município ao decreto assinado pelo governador Eduardo Leite (PSDB), que permitia o funcionamento com restrições. Contudo, depois de perceber que as portas abertas motivaram a população a sair às ruas, decidiu rever a decisão:
- Nossa ideia era migrar para o decreto estadual e foi o que fizemos porque entediamos que seria o melhor para a cidade. Mas tivemos a prova de que é preciso manter as portas fechadas para ter um distanciamento social. A aglomeração de pessoas, inclusive, do grupo de risco, trabalhando é uma prova de que é preciso manter o isolamento - aponta.
O prefeito ressalta que a medida afeta o município, mas preserva a saúde da comunidade.
- É uma medida ruim, mas necessária. Vamos manter o isolamento, aguardar as orientações do Ministério da Saúde e passar essas instruções a todos para, junto com as entidades, repensar a situação e construir o melhor caminho. A Organização Mundial da Saúde (OMS) define o isolamento social como a única alternativa no mundo todo, não será diferente em Flores da Cunha.
Ele acrescenta que é preciso sintonia entre os poderes e que o ideal seria que o Ministério da Saúde definisse as medidas:
- É um momento complicado e não há sintonia entre os governos federal e estadual. Não há uma cartilha que ensine a combater o vírus com passos definidos para enfrentar essa epidemia. Há incerteza e a falta de sincronia acaba nos levando a tentar diversas opções. O ideal seria se o Ministério da Saúde ditasse as normas. Não tenho problema em voltar atrás e buscar o melhor caminho.
Com lojas e serviços não essenciais abertos, a prefeitura percebeu que a movimentação iria aumentar:
- Não podemos correr esse risco num momento como o que vivemos agora. Peço a conscientização da comunidade, tem de estar ciente e não pode achar que esse vírus é uma brincadeira. A prefeitura contou com o apoio das entidades, mesmo com algumas posições contrárias de que era preciso rever a decisão de abrir o comércio.
A medida de fechar as portas havia sido tomada para tentar reduzir o contágio pela covid-19 na cidade. As determinações do novo decreto vigoram a partir desta terça-feira (31) e tem validade de 15 dias.