O ex-deputado Mauro Pereira (MDB), o político da região com maior proximidade com Michel Temer, preso nesta quinta-feira pela manhã, falou ao Pioneiro sobre a prisão preventiva do ex-presidente, de quem também foi Assessor Especial do Gabinete Pessoal. Confira trechos da entrevista.
Pioneiro: Como o senhor avalia a prisão preventiva do ex-presidente Michel Temer?
Mauro Pereira (MDB): Isso é importante porque mostra que ninguém está acima da lei no Brasil. Eu sempre falei na tribuna que assim que terminasse o mandato, ele (Temer) responderia pelos atos dele. Agora vai ter a oportunidade de se defender. Isso é importante para o futuro do nosso país, inclusive para o futuro político, pois a política precisa que quem fique seja ficha limpa.
Mas o senhor votou pela rejeição das denúncias contra o ex-presidente Temer...
Na época do impeachment da (ex-presidente) Dilma (Rousseff, do PT), trabalhei para ela ser "impeachmada", votei a favor do impeachment do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (MDB) e, quando teve a denúncia para o presidente Temer, eu fui um dos que votei para ele permanecer no cargo, justamente porque eu sabia que a permanência dele era importante para a economia do Brasil, tanto é que a economia do Brasil, graças a Deus, está melhorando. E eu sabia que o processo ficaria em stand-by e, assim que terminasse o mandato dele, ele responderia pelos atos.
Porém, na manifestação na Câmara de Deputados (na votação da primeira das duas denúncias contra Temer, em 2 de agosto de 2017), o senhor afirmou: "Querem tirar um presidente honesto".
Eu estava querendo dizer "um governo honesto". O governo que estávamos fazendo pelo Brasil era um governo honesto. Nós estávamos fazendo um trabalho honesto, sério, para recuperar o nosso país. Foi referente ao trabalho do nosso governo. Nós pegamos o Brasil falido, quebrado. Foi um governo, tem diferença, pessoa Michel Temer, governo Michel Temer.
E a "pessoa" Michel Temer?
Veja bem, o MDB nacional sempre foi vinculado ao PT, PCdoB, essa turma. Tanto é que o Lula foi candidato com o MDB nacional apoiando ele. Nós, do RS, na época, apoiamos o José Serra (PSDB) ou Geraldo Alckmin, não lembro (José Serra foi o candidato tucano à Presidência em 2010). Aí (o Temer) foi vice da Dilma. Eu nem conhecia o Temer. Agora, como deputado federal, se analisarem, vocês vão verificar, vão ver que eu ajudei a Dilma e o governo dela. Se vocês pegarem as minhas votações de 2015, 2016, eu votava favorável a todas as medidas que eu achava importante.
Então o senhor não tinha uma relação pessoal com o ex-presidente Temer?
Enquanto o cara está lá, o cara é presidente da República, é (com) as pessoas que a gente tem de lidar. Para resolver os problemas, é com amizade. Mas, veja só, eu sou amigo do (Germano) Rigotto, do (Pedro) Simon, do (José Ivo) Sartori. Mas, no caso do Temer, sempre esteve do lado da Dilma, do Lula, a relação que nós tivemos foi muito próxima, mas relação de governo. Amizade, o presidente Michel Temer, eu falei com ele uma, duas vezes por telefone. É lógico que durante o governo, a gente convivia diariamente no palácio. Todas as ações de governo eu estava acompanhando. Fui para China com ele. Mas coisas de governo. Agora, a pessoa Temer, amizade eu não tinha, pelo contrário.
Mas a imagem que se criou do senhor é de alguém muito próximo ao ex-presidente...
Eu era um parlamentar que trabalhava, trabalhei muito. Sobre o presidente Michel Temer.A imagem que todo mundo tem minha, isso pode ser qualquer pessoa, de qualquer partido, é que eu era uma pessoa que trabalhei muito para salvar a economia do nosso país. Eu trato todo mundo bem, com respeito. Autoridade é autoridade, o presidente (Jair) Bolsonaro é meu amigo, trabalhei 3 anos e três meses com ele. Eu sempre busquei ajudar. E você só consegue ajudar sendo uma pessoa que tem bom relacionamento.
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