
O governador José Ivo Sartori (PMDB) estava em ambiente que lhe é familiar nesta segunda-feira na CIC, e onde se sente à vontade. Caxias do Sul é uma cidade historicamente peemedebista, não por acaso já tendo oferecido ao Estado três governadores do partido. Mesmo com um perfil de prestação de contas para sua abordagem diante dos empresários, centrado no gerenciamento da crise das finanças do Estado, Sartori fez desfilar as ações tomadas para reduzir o déficit das contas públicas. E, diante da metáfora utilizada por ele no discurso, postou-se como o médico que toma as providências necessárias.
— Ninguém trata uma doença terminal com analgésico. O que tem de fazer é o tratamento adequado, e foi isso que fizemos.
Porém, a assinatura da ordem de serviço da terceira pista da BR-116, ou primeira etapa da duplicação, como define o Dnit, em um trecho urbano de 950 metros deu o toque eleitoral ao evento na CIC. É obra anunciada em ano eleitoral. Aliás, obra anunciada pela metade, pois o que a comunidade reivindica há décadas é a duplicação da rodovia entre o bairro Planalto e São Romédio.
Muitas assinaturas
A ordem de início foi assinada pelo diretor-geral do Dnit, Valter Casimiro Silveira, e pelo governador Sartori, mas não parou aí. Assinaram também o prefeito Daniel Guerra e o secretário de Planejamento, Governança e Gestão do RS, Carlos Búrigo. Assinou o deputado federal Mauro Pereira (PMDB), assinou a secretária de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos, Maria Helena Sartori.
O presidente da Câmara, Alberto Meneguzzi (PSB), que estava sentado à Mesa, foi convidado a ficar em pé. E logo alguém lhe sugeriu para assinar também. Ele rubricou.
Está certo que há um esforço coletivo de mais de duas décadas em torno da duplicação da BR-116 no trecho urbano de Caxias do Sul. Mas o tambor bateu forte em torno da assinatura da ordem de início.
Tanta assinatura sugere uma questão: a obra é de competência da União, por ser na BR-116, uma rodovia federal. Os recursos, portanto, são federais. O Dnit orçou a obra em R$ 4 milhões.
Sem aproximações
O governador José Ivo Sartori e o prefeito Daniel Guerra — aliás, criador e criatura — mantiveram relação meramente protocolar e institucional, com aperto de mão, na CIC. A exemplo do que já tinha acontecido na inauguração de subestação da RGE, na sexta-feira.
Não houve maiores aproximações, a não ser quando aproximados pela BR-116.
Vice-prefeitos
Não faltaram vice-prefeitos na palestra do governador Sartori. Ricardo Fabris de Abreu (sem partido), o atual, e Antonio Feldmann (ainda PMDB), o anterior, até sentaram-se à mesma mesa. E o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), vice ao tempo de Sartori na prefeitura, também foi conferir a programação.
Alceu, aliás, lembra que o projeto que agora será executado foi apresentado pela prefeitura em 2015 com aprovação pelo Dnit. Já a prefeitura destacou em nota que o projeto foi elaborado pela Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) em parceria com o Dnit.

Frações
Em seu discurso na CIC, o governador Sartori disse que "dois terços dos problemas já foram resolvidos", referindo-se à redução do déficit do Estado. Já a pista que será acrescentada à BR-116, deixará a rodovia com três quartos do que deve ser.
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* A colunista Rosilene Pozza está de férias.