Lideranças da região pretendem retomar a investida em busca de recursos do governo federal para a construção da chamada Rodovia da Serra. O trecho de 17,8 quilômetros que ligará a BR-448 (Rodovia do Parque), em Esteio, até Portão é uma alternativa aos congestionamentos diários da BR- 116, na Região Metropolitana de Porto Alegre, a partir da Vila Scharlau, em São Leopoldo. Atualmente, o projeto está completamente estagnado. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (Dnit) denominou o trecho de Lote 2.
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A reivindicação de empresários da região iniciou-se em 2011, mas perdeu força nos últimos dois anos. Nesta semana, a Assembleia Legislativa retomou o assunto e instalou a Frente Parlamentar de Apoio à Extensão da BR-448, proposta do deputado Lucas Redecker (PSDB).
Segundo o deputado, a Frente pretende realizar uma reunião em Portão com representantes de cidades com impacto no Lote 2 da 448 e um encontro com a bancada federal do Rio Grande do Sul (deputados e senadores) pedindo auxílio para uma agenda com os ministros dos Transportes e do Planejamento.
– O Rio Grande do Sul precisa pleitear recursos do orçamento da União. Todos os Estados pleiteiam (recursos) para obras de infraestrutura. Se ficarmos passivos, outros Estados vão receber os poucos recursos. Se não tivermos mobilização e pressão política, não vamos nunca ter essas obras saindo do papel.
Redecker salienta que o traçado da nova rodovia foi concluído pelo Dnit e que a construção está incluída em apenas um lote.
– Na minha visão, é uma vantagem porque não precisamos definir todo o ano os recursos do orçamento para lotes específicos, como acontece com a obra (duplicação) da BR-116 em Pelotas.
O deputado comenta que o valor orçamentário previsto é de aproximadamente R$ 1 bilhão para a extensão da rodovia em virtude da complexidade do terreno. Ele diz que grande parte da obra será por extensão aérea, o que a encarece.
Para embasar a importância do trecho, Redecker diz que o tráfego da BR-116 reduziu-se em 40% com a inauguração do Lote 1, a Rodovia do Parque (de Porto Alegre a Esteio), e há uma previsão de que isso também aconteça no trecho entre Sapucaia do Sul e São Leopoldo, após a conclusão da chamada Rodovia da Serra.
Retomar a mobilização
Um dos principais entusiastas da futura rodovia, o ex-presidente da Associação das Entidades Representativas da Classe Empresarial da Serra Gaúcha (CICS Serra), Ademar Petry, reforça a importância da estrada para o desenvolvimento da região.
– Ela (rodovia) vem trazer um benefício muito grande para toda a Serra. Temos uma dificuldade no trânsito na região de São Leopoldo e da Grande Porto Alegre, especialmente para a exportação da produção da Serra que vai para o porto de Rio Grande.
Petry diz que é preciso mostrar para o Governo Temer o impacto da obra no trânsito, na economia e no custo "elevadíssimo" do transporte de carga – a ex-presidente Dilma Rousseff já havia sobrevoado a área.
Segundo o presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC), Nelson Sbabo, as lideranças empresariais fizeram todos os trâmites para que o Ministério dos Transportes aprovasse a ideia da rodovia.
– Eles aprovaram um orçamento de quanto custaria a obra, só não houve a licitação. É importante a retomada dessa discussão. Já pensou a vantagem que vamos ter em não entrar mais em Scharlau (São Leopoldo), na BR-116? – questiona.
A CICS Serra reúne as lideranças da região para debater as ações em torno da Rodovia da Serra. O encontro será no próximo dia 13, às 16h, na CIC de Caxias do Sul. Na instalação da Frente Parlamentar, terça-feira, não havia representantes da região.
"Não tem recurso para este empreendimento", diz engenheiro do Dnit
A execução da Rodovia da Serra depende de recursos do orçamento da União. O valor do empreendimento é estimado em R$ 1 bilhão, diz o superintendente substituto do Dnit no Estado, engenheiro Delmar Pellegrini Filho. O valor compreende estudos ambientais, desapropriações, rodovia duplicada, viadutos e acessos controlados, em uma região de área alagada.
Primeira etapa da construção, o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) está quase concluído e tem custo estimado em R$ 1 milhão. Com as informações do EVTEA, seria possível encaminhar a licitação por meio do Regime Diferencial de Contratações (RDC) que reúne projeto executivo e obra, mas a falta de orçamento impede o avanço.
– Se tivesse recurso, daria para iniciar a obra em pouco tempo. Teríamos de seis meses a um ano para ter o projeto executivo pronto e começar com a terraplenagem, bueiros e avançar com pavimentos.
Apesar de reconhecer a importância da obra para a região e de garantir que extensão da Rodovia da Serra desafogaria o tráfego da BR-116 em São Leopoldo, o superintendente diz que não há nenhum recurso disponível para a construção.
– O valor do empreendimento da 448 está zerado. Não tem recurso para esse empreendimento – destaca o engenheiro, com sinceridade.Com dinheiro destinado específico, o superintendente diz que a rodovia poderia ser concluída em quatro anos.
– É um ano dos estudos e projetos e três anos de obra.
Pellegrini Filho, praticamente descartou a execução do Lote 3 da BR-448, inicialmente projetada para ligar a RS-240, em Portão, até a BR-116, em Estância Velha.
Infraestrutura
Lideranças da região retomam mobilização pela BR-448, a Rodovia da Serra
Assembleia instalou esta semana frente parlamentar em apoio à extensão da rodovia, de Esteio a Portão
André Tajes
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