
O fornecimento de energia elétrica foi restabelecido quase por completo nesta terça-feira (29) na Espanha e em Portugal após o apagão em larga escala, de origem desconhecida, que provocou um dia caótico na segunda-feira (28) na Península Ibérica.
Por volta das 6h locais (1h no horário de Brasília) de terça-feira, 99,16% do fornecimento de eletricidade estava garantido, anunciou o operador da Rede Elétrica Espanhola (REE).
Já em Portugal, a rede elétrica estava "perfeitamente estabilizada", anunciou o operador Redes Energéticas Nacionais (REN).
Nas ruas de Madri, o retorno do fluxo de energia elétrica foi acompanhado por aplausos e gritos de alegria dos moradores, após um longo dia sem luz, e em muitos casos sem internet nem rede de telefonia celular.
Tráfego ferroviário
Na Espanha, o retorno da eletricidade permitiu a retomada do tráfego ferroviário em vários trajetos importantes, entre eles os movimentados Madri-Barcelona e Madri-Sevilha, segundo a companhia nacional Renfe.
A circulação permanece, no entanto, suspensa em outras linhas importantes, já que as autoridades priorizaram o reinício das viagens nos eixos suburbanos.
Três trens permaneciam bloqueados na manhã de terça-feira na Espanha, informou o ministro dos Transportes, Óscar Puente.
Aeroportos
Ainda que com a energia tenha sido restabelecida quase que totalmente, o apagão de segunda-feira na Península Ibérica continua a ter impacto nos aeroportos.
No aeroporto Humberto Delgado, de Lisboa, vários voos foram cancelados e há registro de atrasos nas chegadas e partidas.
Voos de diversas companhias que deveriam ter pousado no aeroporto durante a manhã foram cancelados.
No aeroporto do Porto o impacto é menor. Dois voos que estavam previstos para Bruxelas, na Bélgica, e Newark, nos Estados Unidos, foram cancelados.
Causas do apagão
Em um discurso na segunda-feira à noite, o primeiro-ministro Pedro Sánchez admitiu que as causas do apagão excepcional ainda não eram conhecidas e que não era possível descartar "nenhuma hipótese".
— Às 12h33min desta manhã, 15 gigawatts de geração foram repentinamente perdidos do sistema [...] em apenas cinco segundos. Isso é algo que nunca aconteceu antes — disse o premier, em referência ao início do apagão.
Além disso, aconselhou os trabalhadores não essenciais a não comparecerem ao trabalho nesta terça-feira.
Dia caótico
Um dia após o grande apagão, a Espanha tentava retornar à normalidade, mas ainda enfrentava as consequências do corte de energia.
— As pessoas estão atônitas, porque isso nunca havia acontecido na Espanha — comentou Carlos Condori, 19 anos, em Madri.
Com os semáforos apagados, a polícia se esforçou para dirigir um trânsito caótico que congestionou as principais vias urbanas. As autoridades pediram para a população a evitar o uso de veículos, mas, sem eletricidade, muita gente não recebeu os avisos.
— Fecharam e não disseram nada —lamentava, diante de uma estação ferroviária de Barcelona, Lucía Romo, uma trabalhadora de limpeza de 48 anos, que estava esperando há três horas alternativas para poder retornar para casa, na região metropolitana.
O Administrador de Infraestructuras Ferroviarias da Espanha (Adif) anunciou na rede X na segunda-feira que estavam "suspensos os serviços ferroviários de todas as companhias até segundo aviso", e pediu à população que não se dirigisse para as estações.
Sem indícios de ciberataque
Em Bruxelas, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, afirmou na rede X que "não há indícios" de que o apagão foi causado por um ciberataque.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, indicou no X que seu país estava pronto para "ajudar" a Espanha, graças à sua "experiência" na "luta contra qualquer desafio energético, incluídos os apagões", depois de "anos de guerra e ataques russos".
Diante da falta de abastecimento elétrico externo, os reatores das centrais nucleares espanholas que estavam em funcionamento "pararam automaticamente", indicou o Conselho de Segurança Nuclear, um procedimento normal nesses casos.
O tráfego aéreo também sofreu grandes perturbações, especialmente nos aeroportos de Madri, Barcelona e Lisboa, segundo o órgão encarregado de monitorar o tráfego aéreo europeu, Eurocontrol.