O candidato a prefeito pelo PSOL, Francisco Carlos Oleiro Corrêa, 60 anos, tem como a decisão mais importante de sua vida a mudança de Pelotas para a Serra. Ele queria trabalhar com educação popular, com a população mais vulnerável, e encontrou na Fundação de Assistência Social (FAS) a oportunidade que classifica como “aprendizado de vida”.
– Essa decisão mudou muito na minha vida. A gente que tem uma condição mediana não imagina o que existe de miséria e as dificuldades que as pessoas têm para acessar políticas públicas de qualidade. As pessoas evoluem da miséria material para a moral – opina.
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Corrêa chegou a Caxias em 1997, após ser aprovado em concurso público para educador social na FAS e trabalhar mais próximo de sua área, coincidentemente, na primeira administração do prefeito Pepe Vargas.
– Prestei o concurso e fui aprovado. Nunca precisei pedir oportunidade de trabalho. As que tive, conquistei. Cheguei em um momento em que a FAS estava começando e tive uma acolhida muito boa – revela.
Na fundação, o candidato coordenou o grupo de abordagem da população de rua no Centro Educativo do Vila Ipê, no Albergue Municipal, no Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do Reolon, no Centro Pop Rua e ainda trabalhou com medidas socioeducativas, até se aposentar, em janeiro de 2014.
A superação e a resiliência (capacidade de resistência e adaptação) das pessoas em vulnerabilidade social e jogadas à miséria deixam Corrêa emocionado:
– Essas pessoas têm uma capacidade de superação e de se sobrepor a uma situação em que talvez muitos fraquejassem. Testemunhei isso várias vezes.
Corrêa aguarda o resultado da eleição, mas seja qual for o desfecho, pretende retomar as atividades físicas rotineiras, como corridas de rua e exercícios na academia.
– Pratico corrida de rua desde os 26 anos. Já participei de duas corridas São Silvestre. Pretendo retomar o cuidado com a saúde. Gosto de leitura, de futebol, de teatro e cinema – lista este caxiense adotivo, de perfil sereno e de fala tranquila.
A vida em Pelotas
Filho de Francisco e Colomi Corrêa, ambos falecidos, o candidato do PSOL tem um irmão mais novo que mora em Pelotas, sua cidade natal. O pai era comerciário e a mãe administrava a casa. A principal lembrança da infância era o ensaio para o desfile da Semana da Pátria.
– A gente treinava em uma rua de chão batido e levantava uma poeira. Chegava em casa com muito pó nos sapatos e na roupa – descreve.
Na adolescência, o candidato se recorda dos grupos de amigos e das festas de garagem nas casas das famílias.
Apesar da infância pobre, a educação era prioridade para os Corrêa: Francisco estudou nas séries iniciais na Escola Municipal Afonso Vizeu e depois mudou para a Escola Dom João Braga, no bairro Areal.
– Na época, a escola tinha uma boa qualidade de ensino e não precisava fazer cursinho. Fiz vestibular e fui aprovado em Psicologia na Universidade Católica de Pelotas (UCPel). Depois, fiz a reopção da Psicologia clínica para a licenciatura e conclui a faculdade.
Francisco chegou a frequentar a metade do curso de Direito na Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mas desistiu em função do envolvimento político e sindical, que começou no início dos anos 1980. Com a ascensão do PT e a alternativa para mudança na época, Francisco filiou-se ao partido. Deixou a sigla com a expulsão da ex-deputada Luciana Genro e se dedicou à fundação do PSOL no Estado.
Atualmente separado, Francisco Corrêa é pai do sociólogo Bernardo Alves Corrêa, 34, que mora em Porto Alegre, e de Gustavo Alves Corrêa, 29, formado em Educação Física e preparador físico das categorias de base do Juventude. O candidato do PSOL também é avô de Martina, de três anos.
– Hoje, meus filhos são dois grandes amigos e incentivadores desse caminho e compromisso que assumi. Me sinto muito feliz porque os dois escolheram seus caminhos e são muito determinados nisso. Tenho muita alegria pelo sucesso deles e por ter, junto com a mãe deles, contribuído para isso – destaca Corrêa.
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André Tajes
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