Candidatos a prefeito falam suas propostas para a questão animal em Caxias do Sul

Donos, ONGs e protetores individuais buscam nos planos de governo dos candidatos a prefeito de Caxias do Sul informações sobre como eles pretendem trabalhar as questões em torno do abandono, de maus-tratos, cuidado e a reprodução descontrolada de animais.

Leia mais
Proposta para ampliar proteção animal será encaminhada até o fim do mês
Caxias do Sul está sem serviço de socorro a bichos atropelados
Direção da Soama pede para sair e município assumirá cuidado de animais
"Saímos com o coração tranquilo", diz diretora da Soama, de Caxias

O Pioneiro perguntou aos seis candidatos quais são as suas propostas para a questão dos animais. No início do mês, a Soama desistiu de administrar a chácara que abriga mais de 1,2 mil animais, entre gatos e cachorros. A ONG cuidava do espaço há 18 anos. Desde maio, a Soama era acusada de maus-tratos.

A reportagem também questionou os candidatos sobre o destino que será dado a chácara. Confira o que falaram Assis Melo (PCdoB), Daniel Guerra (PRB), Edson Néspolo (PDT), Francisco Corrêa (PSOL), Pepe Vargas (PT) e Vitor Hugo Gomes (Rede Sustentabilidade). A pergunta foi: Qual a sua proposta para a questão dos animais e o que pretende fazer com a chácara que era administrada pela Soama?

Assis Melo
– Uma das nossas propostas é construir um centro de zoonoses. Quanto a essa questão específica da Soama (administração da chácara), tem que ser discutida porque tem um contrato e animais lá.

Daniel Guerra
– Temos protocolado no Cartório Eleitoral um compromisso, que é a criação da RCA (Rede de Cuidados Animais), que vai congregar mais de uma dezena de entidades e ONGs. A rede vai trabalhar forte o índice de abandono, incentivar a adoção responsável, vamos implantar o "castramóvel". Também tem que trabalhar forte a microchipagem. Temos que ter políticas habitacionais que contemplem a questão dos animais. Nas remoções do Fátima Baixo e antiga pedreira do Guerra, lá se deixou um contingente absurdo de animais abandonados. Temos que ter uma política muito clara quanto ao comércio. Outra questão que está no nosso plano é a regulamentação sobre o alojamento e a saúde dos animais. Tem que se mensurar o impacto de vizinhança, a poluição sonora, a destinação dos dejetos, os abrigos, a quantidade e capacidade, as imunizações. E também a questão (construção) do hospital veterinário por meio de parceria-público-privada.

Edson Néspolo
– A primeira é que nós vamos criar a Coordenadoria do Bem-Estar Animal, para termos uma área que articule tudo isso. Os convênios em vigor a gente vai revisar todos eles. Tem essa polêmica da Soama – eu acredito muito que foi renovado para que tivesse uma continuidade de trabalho por poucos meses. Depois, tem que ter uma redefinição disso. Reavaliar esse convênio, definir novos convênios, definir essa questão da área. Nós temos várias entidades que cuidam de animais: a Soama que é conveniada, outras que cuidam e não são conveniadas. Talvez tenhamos que distribuir essas funções.

Francisco Corrêa
– A causa animal deixou de ser algo solto do conjunto da sociedade. A questão da Soama, especificamente, parece que está com problemas. Confesso que não tenho uma clareza absoluta do que está ocorrendo. Tenho a sensação de que o poder público não está assumindo a responsabilidade que poderia assumir. Está jogando como uma causa secundária. Nós não temos uma proposta específica, mas, assim como nós temos uma valoração da garantia dos direitos humanos, também a questão dos direitos dos animais tem que ser vista com carinho. Temos que ter espaços garantidos (para os animais), tem que ter um trabalho de educação com as pessoas que têm os animais para que cuidem, vacinem e façam esterilização com segurança.

Pepe Vargas
– Precisa ter uma efetiva política de saúde animal. Não só para a proteção dos animais, mas também sob o ponto de vista da saúde humana. Em primeiro lugar, vamos propor a criação de um fórum que congregue todas as entidades que atuam nessa área, também com protetores independentes. Precisamos encontrar uma resposta conjunta. Isso pode ser via convênios e outras formas de auxílios. É fundamental que se amplie o processo de castração, bem como uma fiscalização mais efetiva em estabelecimentos que comercializam animais. Hoje, o município basicamente repassa o dinheiro para a Soama e não tem uma política de castração. Além disso, a posse responsável tem que ser estimulada. Também vamos instituir uma política, a exemplo de outros municípios, inclusive viabilizando o tratamento de animais doentes para pessoas de baixo poder aquisitivo. E trabalhar uma política de adoção dos animais recolhidos na rua.

Vitor Hugo Gomes
– A Rede Sustentabilidade é o único partido que tem no seu programa, como princípio, o respeito ao bem-estar animal. No Estado, tenho um relacionamento muito próximo com a deputada Regina Becker (Rede), que é a maior ícone dessa luta no Estado e no país. Registramos um documento em cartório nos comprometendo com a causa animal. Nós pretendemos fortalecer todas as entidades filantrópicas e de voluntariado a dar organização. Num primeiro momento, pretendemos assumir a administração deste espaço (chácara), destinando veterinário, equipamentos e fazendo as melhorias emergenciais. E depois vamos discutir com o setor sobre a destinação desse serviço. Pretendemos fazer um amplo programa municipal de castração e atendimento veterinário. E trabalhar a conscientização das pessoas.