Colega de partido de Dilma Rousseff, o senador Paulo Paim (PT) irá votar, obviamente, contra o impeachment e promete fazer um debate em cima do mérito do processo. Além disso, ele defenderá a convocação de eleições diretas para presidente e vice em outubro.
O processo de impeachment foi entregue pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na tarde desta segunda-feira.
A admissibilidade do processo no Senado será votada no mês de maio. Se aceito, o mérito será discutido por até seis meses, período pelo qual a presidente deverá ficar afastada do cargo. E o vice Michel Temer (PMDB-SP) assume interinamente.
Além de Paim, outros dois senadores gaúchos estão entre os 81 que serão responsáveis pela análise do processo nos próximos meses: Ana Amélia Lemos (PP) e Lasier Martins (PDT).
O Pioneiro conversou com Paim nesta segunda-feira. Confira a entrevista:
Qual sua avaliação sobre o resultado de domingo?
Acompanhei todo o debate, só lamentei o nível desqualificado. Falavam de tudo, menos do processo. Viramos chacota em nível internacional. Quero que aqui (no Senado) o nível seja em outro patamar, mais qualificado, um bom debate em cima do mérito. Mas, independente disso tudo, a minha maior preocupação é que esse clima de instabilidade, de insegurança, isso vai permanecer até o final do ano. Não queria que o povo brasileiro, independente de quem é contra ou a favor, ficasse numa situação tão ruim como essa, até perversa. Daqui pra frente, pelos cálculos feitos, lá pelo dia 11 é que vamos votar se afasta ou não a presidente. Votando o afastamento ou não, serão dados mais seis meses para o julgamento. Ou seja, o Congresso vai ficar seis meses discutindo. São 180 dias de afastamento a partir da decisão, que deve ser no dia 11 ou no dia 15. Para a admissibilidade, basta metade mais um. Mas para cassar o mandato, é preciso dois terços. Tem que ter 54 votos. Se o governo tiver 28 votos, já não passa. Daí ela sai e volta. O que eu tenho dito para alguns senadores, que a saída para esse impasse é eleição direta em 2 de outubro. Nós faríamos um grande acordo no parlamento.
Quem apoia a ideia?
Temos um grupo de oito senadores. Vamos fazer contato com OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), CNBB, movimentos sociais, entidades representativas da sociedade para caminhar conosco nesse sentido. Alguém poderia dizer que é inconstitucional apresentar uma emenda nesse sentido. Então, vamos fazer um apelo para que a própria presidente envie essa proposta para cá, porque daí não é inconstitucional. O que a gente sabe é que o presidente do Senado, Renan Calheiros, é simpático à ideia. É uma saída política articulada e costurada por Câmara e Senado.
Agora é com o Senado
"Saída para impasse é eleição direta", defende senador Paulo Paim
Petista irá votar contra impeachment, mas entende que o melhor é novo pleito em outubro
Juliana Bevilaqua
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