
O processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) segue com reviravoltas diárias, e políticos da região têm se posicionado. Na quinta-feira, enquanto ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiam que a maneira como foi formada a comissão especial na Câmara (com candidaturas avulsas e voto secreto) era inconstitucional, a maior parte dos políticos caxienses entrevistados pelo Pioneiro se posicionava contra o impeachment. De oito opiniões, quatro são contrárias, três favoráveis e o governador José Ivo Sartori (PMDB) não se posiciona.
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No discurso de quem é contrário ao processo, está a ausência de fatores legais e jurídicos somada ao jogo de interesse do partido que a acompanha na vice-presidência, o PMDB. O golpe contra a democracia é citado pelos entrevistados que não concordam com o impeachment.
- Eu vejo um governo temeroso, uma Dilma que comete erros e não crimes - diz o prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT).
Os três políticos que se posicionam favoráveis defendem que a presidente cometeu crime de responsabilidade e que a melhor saída pode ser novas eleições, conforme sugere o deputado estadual Vinícius Ribeiro (PDT). O vice-prefeito Antônio Feldmann é pontual ao dizer que há motivos para o processo.
- A democracia ganharia uma resposta para a corrupção - afirma.
O QUE ELES PENSAM
:: Alceu Barbosa Velho (PDT), prefeito de Caxias
- Eu acho que é uma gestão temerária. Durante a eleição foi dito uma coisa e agora é feita outra. Eu acho ainda que isso ainda está acontecendo, essa falta de decisão, de firmeza e de apoio político. Mas não vejo ela cometendo crimes. E me responde: como o Renan (Calheiros) está sendo investigando pela Lava-Jato, e o (Eduardo) Cunha está sendo investigado e não acontece nada com eles? E a Dilma, que não está sendo investigada de nada, está sofrendo um processo de impeachment?
:: Antônio Feldmann (PMDB), vice-prefeito de Caxias
- Há muitos elementos e suspeitas que possibilitam o impeachment. Sou favorável, porque há indícios de que, como presidente da República, ela cometeu um crime. E, comprovando isso, a democracia ganharia uma grande resposta para a corrupção.
:: Germano Rigotto (PMDB), ex-governador
- Eu tenho uma posição clara: o impeachment está recém começando. Pode caminhar para o impeachment, mas ainda depende do andamento no Senado. Precisa ter uma investigação que pode caminhar até a Dilma, o que até agora não aconteceu. Tu tens uma base de sustentação frágil ainda. As pedaladas fiscais acontecem em outros governos. Pode-se dizer que o governo está ruim, é verdade, mas não se tira um presidente só por isso.
:: Vinícius Ribeiro (PDT), deputado estadual
- É como um divórcio sem trocar a mulher. Nós precisamos reestruturar o país e isso só acontece com nova eleição. Para mim, o impeachment deve acontecer, mas associado a nova eleição. Isto é constitucional, é possível fazer. Agora, ele está associado a uma tensão entre PT e PMDB.
:: José Ivo Sartori (PMDB), governador do Estado
- Espero que as instituições funcionem na legalidade. Não cabe a mim fazer juízo sobre o impeachment, que deverá ter seu transcurso. Como governador, mantenho as relações federativas e espero que esse debate ajude o país a superar a crise política e econômica em que se encontra. Mais do que uma disputa pessoalizada ou partidarizada, a nação deve preservar suas instituições e encontrar um novo rumo de desenvolvimento.
:: Pepe Vargas (PT), deputado federal
- Vivemos em um país onde o presidente é eleito pelo voto popular. Portanto, o impeachment precisa ter um crime de responsabilidade da presidente e não a opinião da maioria. Não há crime de responsabilidade, a presidente não roubou, não tem um delator que tenha dito qualquer coisa sobre a Dilma. Quem é contra o governo tem o direito de defender que o governo precise mudar. Mas impeachment agora não tem outra cara a não ser a de golpe.
:: Paulo Paim (PT), senador
- As questões orçamentárias e fiscais apontadas no pedido de impeachment não são suficientes para qualquer processo dessa natureza. Elas foram praticadas nos governos anteriores, inclusive do PSDB. Não se pode ter dois pesos e duas medidas. Na situação atual, ele transformou-se no cavalo de batalha de ambições políticas individuais, de alucinados delírios de poder. O momento pede responsabilidade e espírito público da classe política. Os políticos não podem se omitir. Sou contra o impeachment.
:: Mauro Pereira (PMDB), deputado federal
- Hoje, sou favorável ao impeachment, porque houve um desmando. Como deputado, procurei ajudar, mas a economia está cada vez pior, as contas de municípios e fornecedores não estão sendo pagas, sem contar os casos de corrupção e o Tribunal de Contas ter rejeitado a prestação de contas dela. Se a presidente Dilma mudar a maneira de proceder com a economia, aí é possível reverter, mas do jeito que está hoje, ela seria cassada se fosse em votação na Câmara.