Plebiscito sobre anexação de distritos de São Francisco de Paula a Caxias do Sul não deve ocorrer na eleição de 5 de outubro

A aprovação da lei que autoriza um plebiscito sobre a anexação de Juá e Cazuza erreira a Caxias do Sul é um sopro de esperança para boa parte da população dos dois distritos de São Francisco de Paula. Pertencer a Caxias representa a possibilidade de viver com melhorias na saúde, na educação e nas estradas sem precisar abandonar a terra natal. Contudo, a decisão de anexar ou não terá de esperar um pouco mais.

Inicialmente, a Comissão Pró-Anexação, formada por moradores em 2010, esperava o plebiscito para 5 de outubro, com a eleição geral. No entanto, segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Estado (TRE-RS), os pedidos de consulta popular e plebiscito devem ser apresentados à Justiça Eleitoral até 90 dias antes do pleito. A lei do plebiscito foi aprovada na terça-feira pela Assembleia Legislativa e ainda aguarda a sanção do governador Tarso Genro (PT). Somente depois disso, o processo será encaminhado ao TRE. Para que a anexação fosse decidida em 5 de outubro, a Justiça Eleitoral deveria ter recebido o processo até 5 de julho.

A batalha pela anexação remonta à década de 1970. De economia predominantemente agropecuária, Cazuza e Juá são lugarejos onde raramente a tranquilidade é alterada. Os moradores são defensores ferrenhos da boa vida do interior, estão acostumados com o ritmo desacelerado, mas algumas facilidades tornariam tudo melhor.

A distância menor e a maior oferta de serviços em comparação com São Francisco já atraem os moradores naturalmente a Caxias. Os comentários favoráveis à anexação ecoam pelas poucas ruas dos vilarejos. Quem tem algum negócio ou alguma relação mais próxima com a prefeitura de São Chico evita assumir publicamente posição, mesmo que esteja torcendo pelo desmembramento. Difícil é encontrar alguém que defenda abertamente a permanência dos distritos sob a tutela de São Chico.

- Se Deus quiser, vai sair essa anexação. Estamos fazendo o impossível para isso acontecer. Não que a gente seja contra São Francisco, e não queremos perder nossa identidade serrana. A única coisa que o pessoal se queixa é da falta de infraestrutura. A situação é crítica, é uma vergonha - resume Jeandro Rossi, 37 anos, proprietário de uma mecânica em Cazuza.