Políticos e celebridades do Brasil estão engajados na campanha que invadiu as redes sociais em defesa das mulheres. O protesto virtual Não mereço ser estuprada foi criado em resposta à pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgada na última semana, que mostrou que a maioria dos brasileiros concorda que o comportamento da mulher pode motivar o estupro.
Em Caxias do Sul, o vereador Rafael Bueno (PCdoB) também aderiu à campanha. Ontem, o parlamentar publicou uma foto no Facebook com a frase "Mulheres jamais serão culpadas pelo estupro".
A presidente Dilma Rousseff (PT) solidarizou-se com a jornalista Nana Queiroz, que foi ameaçada na internet após iniciar a campanha na rede repudiando a violência contra a mulher.
"A jornalista Nana Queiroz se indignou com os dados da pesquisa do Ipea sobre o machismo na nossa sociedade. Por ter se manifestado nas redes contra a cultura de violência contra a mulher, foi ameaçada de estupro. Nana Queiroz merece toda a minha solidariedade e respeito", disse Dilma, no Twitter.
Nana Queiroz postou uma mensagem no Facebook com uma foto em frente ao Congresso Nacional, em que aparece sem camiseta e com a frase "Não mereço ser estuprada" escrita no corpo, convocando o protesto virtual (veja abaixo). Várias mulheres publicaram imagens semelhantes, demonstrando indignação com a pesquisa.
Após a publicação, a jornalista foi ameaçada por internautas.
"Amanheci de uma noite conturbada. Acreditei na pesquisa do Ipea e experimentei na pele sua fúria. Homens me escreveram ameaçando me estuprar se me encontrassem na rua, mulheres escreveram desejando que eu fosse estuprada", relatou Nana em sua página na rede social.
Neste sábado, haverá uma manifestação na Esplanada dos Ministérios com o mesmo tema da campanha contra a violência à mulher. A concentração será no Museu Nacional da República, a partir das 14h.
Dados da pesquisa
::: 58,5% dos entrevistados concordaram totalmente ou parcialmente com a frase "Se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros".
::: Em relação a essa pergunta, 35,3% concordaram totalmente, 23,2% parcialmente, 30,3% discordaram totalmente, 7,6% discordaram parcialmente e 2,6% se declararam neutros.
::: Os pesquisadores também perguntaram "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas?": 42,7% concordaram totalmente com a afirmação, 22,4% parcialmente; 24% discordaram totalmente e 8,4% parcialmente.
::: Conforme o levantamento, 63% concordaram, total ou parcialmente, que "casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família", 89% dos entrevistados tenderam a concordar que "a roupa suja deve ser lavada em casa" e 82% que "em briga de marido e mulher não se mete a colher".
::: 78,1% dos entrevistados concordam totalmente e 13,3% concordam parcialmente que a prisão é a punição adequada para o homem que bate na esposa.
Fonte: Pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) - Tolerância social à violência contra as mulheres, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), feita com 3.810 entrevistados no ano passado, sendo 66,5% mulheres
Redes sociais
Políticos apoiam campanha em defesa das mulheres
Em Caxias do Sul, vereador Rafael Bueno manifestou sua solidariedade
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