Com o histórico de baixa mobilização em Caxias do Sul, as manifestações que ocorrem nas duas últimas semanas _ principalmente o protesto do dia 21, que reuniu 35 mil pessoas _ surpreenderam até organizadores. Há cerca de um ano, eles tentavam trazer para Caxias os protestos que eram programados pela internet para ocorrer em todo o Brasil.
Via de regra, conseguiam reunir, no máximo, algumas dezenas de manifestantes em atos como o Dia do Basta (contra a corrupção), a Marcha das Mulheres ou questionando o ensino médio politécnico. Em vez de voltarem para casa frustrados, um grupo de jovens, apartidários e inconformados decidiu se organizar.
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De protestos que reuniam meia dúzia de manifestantes, surgiu a Juventude Revolucionária, um grupo que se tornou o Anonymous Caxias. Isso porque os integrantes tiveram contato com a filosofia do coletivo online que atua globalmente de forma anônima e coordenada em torno de direitos populares, normalmente com posicionamento contrário a governantes.
Uma das características mais marcantes desse grupo é a rejeição a partidos políticos. Eles afirmam que não há filiados entre eles por entenderem que não precisam de um partido que os diga o que fazer. Segundo um dos integrantes, o metalúrgico Milton Rossi, 22 anos, o principal objetivo do grupo é mobilizar a população para que o país saia da inércia.
- Lutamos contra o comodismo. Muitos reclamaram que a manifestação não tinha foco, mas a intenção era mostrar ao povo que ele tinha força. Agora vamos filtrar e claro que vamos nos engajar pela educação, saúde, enfim, para melhorar a sociedade - explica.
O apartidarismo do Anonymus Caxias provocou a criação de um novo grupo, o Aliados da Pátria, formado por 15 pessoas. Elas entendem que a opção partidária deve ser respeitada e que ser contrário às agremiações políticas significa ser contra a democracia, segundo um dos integrantes, o técnico em informática Luiz Rossi, 32 anos.
- Ouvimos declarações não verdadeiras de que essa é uma revolução democrática não-partidária. É partidária, sim, mas numa luta conjunta. Todo mundo tem preferência partidária, mas somos 15 cabeças diferentes. Se aceitarmos o apartidarismo, vamos rasgar toda a Constituição e estaremos sendo fascistas - defende Lopes, que prefere não revelar sua preferência partidária.
Brasil melhor
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Anonymous Caxias e Aliados da Pátria estão entre os principais
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