Outubro contabiliza, até o momento, 18 assassinatos em Caxias do Sul, sendo que, desse total, seis foram criminosos mortos em confronto com a polícia. Esse é o outubro é o mais violento desde 2016, quando aconteceram 25 mortes, sendo 21 homicídios e quatro criminosos mortos em enfrentamento com a Brigada Militar (BM) após a execução de um casal no bairro Planalto.
Os dados de períodos semelhantes dos anos anteriores mostram porque esse outubro tem mais violência. Em 2019, foram registradas cinco mortes em outubro, sendo quatro homicídios e um feminicídio. Já em outubro de 2018, foram dois casos e, no mesmo período de 2017, oito mortes. O levantamento é baseados nos dados do Contador da Violência.
Outro parâmetro para comparação é que Caxias do Sul alcançou ou ultrapassou esse elevado número somente em outras cinco ocasiões desde 2016.
Mais de um terço das 18 mortes registradas desde o dia 1º deste mês aconteceram nesta semana. Sete pessoas foram assassinadas de domingo (25) até a noite de terça-feira (27). Entre as vítimas, está uma família morta a tiros dentro de casa na Rua Fábio Formolo, entre os bairros Jardim Iracema e Jardim Eldorado. Vanessa Martins dos Santos, 29 anos, que estava grávida de seis meses, foi assassinada ao lado do filho dela Enzo dos Santos de Oliveira, quatro, e do marido, Edson Toffolo, 37. O assassino disparou 15 tiros, sendo 12 em Toffolo, dois em Vanessa e um no menino.
Os corpos do casal e da criança foram encontrados na terça-feira pela manhã. Pela perícia e com base em depoimentos eles devem ter sido executados na segunda-feira (26) por volta das 22h. Naquela mesma noite, por volta das 19h, Marcio Luís Machado, 42, morreu no Hospital Pompéia. Ele havia sido ferido em um ataque a tiros quando estava em uma casa no bairro Cruzeiro no dia 25. Ainda no domingo o tio dele Iran Borges Orsi, 52, morreu no local após ser atingido por diversos disparos.
Também no domingo foi o assassinado Michael da Fonseca Pinto, 22. De acordo com a Brigada Militar (BM), ele foi atingido por cinco disparos que atingiram a cabeça e o abdômen, por volta das 19h30min. O crime aconteceu na Rua Asulvino Amélio Balbinot, no bairro Colina do Sol.
O caso mais recente foi a morte de Ryan Carvalho Tasso, 19. Ele foi assassinado a tiros na Rua Travessão Leopoldina, no bairro Serrano, na noite de terça-feira (27). De acordo com a ocorrência policial, testemunhas ouviram tiros e chamaram a Brigada Militar (BM). A motivação do crime ainda é desconhecida, segundo a polícia. Serão ouvidos familiares nesta quarta-feira (28) para tentar se chegar a uma linha de investigação sobre o caso.
Ainda no começo deste mês, moradores do bairro Euzébio Beltrão de Queiróz relataram à reportagem que viveram momentos de tensão por causa da guerra do tráfico. Assustados, afirmaram que o bairro vive mais uma vez em meio a disputa de grupos rivais.
Já no dia 14, seis criminosos morreram em confronto com a Brigada Militar (BM). A troca de tiros aconteceu na RS-453 (Rota do Sol), após uma perseguição que se iniciou no bairro Pioneiro, onde os criminosos atacaram um ponto de venda de drogas que pertenceria a um grupo rival. Cinco dias depois, cinco pessoas foram presas em uma ação da Polícia Civil para conter a briga por territórios do tráfico.
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O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), Ives Trindade, afirma que além dos assassinatos, também foram registradas seis tentativas de homicídios em outubro. Ele acredita que um dos fatores para o número de mortes é a disputa de grupos rivais por território para comercializar drogas.
— Tem a questão das facções que com certeza aumentam os indicadores, mas não é só isso porque tem homicídios que são motivados por questões pessoais. Mas acredito que sim a maioria desses crimes tem relação com o tráfico e a disputa das facções.
Ele lembra que desde 2016 a guerra entre as organizações criminosas tem deixado marcas na cidade, o que elevou o número de assassinatos na cidade.
— Há quatro anos Caxias do Sul tem vivido com essa situação em que facções rivais estão se digladiando e se enfrentam por território para o tráfico de drogas.