
"Retomada" é a palavra que define as últimas semanas das sete famílias kaingangs da aldeia de Forqueta, em Caxias do Sul. Passado um ano que o grupo precisou deixar o local, devido ao risco de deslizamentos atingirem parte da propriedade, a obra de uma nova moradia foi concluída.
A casa de madeira, com um quarto, sala, cozinha e banheiro, é a primeira de um conjunto de cinco novas residências que irá possibilitar o retorno das famílias kaingangs para a aldeia de Forqueta. Atualmente o grupo está alojado em duas casas cedidas pela subprefeitura da região administrativa.
Em fevereiro deste ano, a prefeitura e a Fundação Caxias anunciaram a doação das novas moradias. A primeira delas foi concluída na metade de abril e as outras quatro devem ser construídas na segunda quinzena de maio.
Conforme o presidente da Fundação Caxias, Euclides Sirena, a entidade e a prefeitura firmaram uma parceria para a construção das casas. A Secretaria Municipal de Habitação irá fornecer todos os materiais necessários para a edificação, e a fundação a mão de obra para executar a construção.
— Essa primeira casa está 100%, só falta ligar a luz e conectar com a fossa séptica. Para a construção das outras quatro casas, precisamos concluir a construção de moradias em Santa Tereza. Acredito que até 20 de maio essas casas sejam entregues — pontua.
Conforme o cacique Altair Santos, as famílias já estão buscando junto à prefeitura a conexão com a rede de água e eletricidade que a moradia precisa.
— Só tem eu e a minha família aqui, acompanhando as obras. Mas as outras famílias estão nas casas da subprefeitura, aguardando suas casas ficarem prontas para poder voltar — pontua.

Segundo o secretário de Habitação, José de Abreu, os materiais para construir as novas casas dos kaingangs estão em posse da prefeitura. A equipe da secretaria aguarda o retorno da Fundação Caxias para levar os materiais de construção até a aldeia.
Ainda, a equipe da Habitação já realizou a terraplanagem no local que irá receber as novas casas. A secretaria ainda estuda a possibilidade de pavimentar o terreno ao redor das casa, que hoje é de terra.
As novas casas estão sendo construídas em uma parte da aldeia em que as próprias famílias haviam começado obras de novas residências no ano passado. A construção parou em função da chuva, que além de prejudicar o terreno, impediu que as famílias tivessem acesso aos materiais.
Relembre o caso
Em 29 de maio de 2024, as sete famílias foram levadas da aldeia pela Defesa Civil. Deslizamentos de terra em um terreno acima da aldeia poderiam atingir parte da propriedade. Desde então, o grupo ficou abrigado em espaços cedidos pela prefeitura. O último deles são duas residências cedidas pela subprefeitura de Forqueta, próximas da Unidade Básica da Saúde (UBS) do bairro.
Estudos feitos pela Terra Service, empresa contratada pela administração para esta e outras avaliações no município, atestaram a estabilidade de parte do terreno. O outro lado da propriedade já tem indicação de recuperação.