
100 doações de sangue. É o que o Fábio Boschetti, assessor de investimentos de Caxias do Sul, precisa a cada novo tratamento para esclerose múltipla. Convivendo há quatro anos com a doença, nesta internação vai realizar sessões de plasmaferese durante 10 dias.
— É basicamente uma hemodiálise do plasma: tiro o meu sangue, pego o plasma de doadores, faço uma recarga com esse plasma e a partir daí eu tenho um plasma novo — explica.
A enfermeira Letícia Marini explica:
— Cada sessão pode durar até quatro horas. A cada doação, o material é testado e passa por um processo para separar os componentes, como crioprecipitado, concentrado de hemácias, plaquetas e o plasma, que foi usado no tratamento do Boschetti.
Por isso o sangue não chega imediatamente até o paciente. O desafio é manter os estoques sempre estáveis, segundo a hematologista Márcia Leite:
— A gente costuma dizer que quando uma pessoa precisa de sangue hoje, não é o sangue que está sendo doado hoje que vai para ela. É o sangue que já foi doado alguns dias antes. Essa cadeia toda obedece a muitos critérios, a muitos controles de qualidade.
A assistente social do Hemocentro, Roberta Girardello Rizzon, complementa:
— Isso também justifica a necessidade que temos de doações regulares, em todos os dias da semana. Nós temos uma necessidade média de cerca de 50 doações diárias, mas atualmente chegamos a uma média de 30 diárias.
Em Caxias do Sul, as doações podem ser feitas em dois lugares: na rede pública, no Hemocentro da cidade, que fica na Rua Ernesto Alves, e na rede particular, que fica na Rua Sinimbu.
No Hemocentro, a capacidade total para a coleta é de 1,2 mil bolsas, mas as doações estão 40% abaixo do necessário.
Quem depende do sangue para recuperar a saúde, a doação representa a esperança de estar cada dia mais próximo da cura
— É uma gratidão imensa. Acho que, realmente, saber que tanta gente doou um pouco do seu tempo, realmente do seu precioso tempo pra vir me ajudar e ajudar não só a mim, como tantas outras pessoas que precisam de sangue, acho que a mensagem é gratidão mesmo — diz Boschetti.
Critérios básicos para doação
- Ter idade entre 16 e 69 anos, desde que a primeira doação tenha sido feita até 60 anos (menores de 18 anos devem possuir consentimento formal do responsável legal)
- Apresentar documento de identificação com foto emitido por órgão oficial (Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação, Carteira de Trabalho, Passaporte, Registro Nacional de Estrangeiro, Certificado de Reservista e Carteira Profissional emitida por classe), serão aceitos documentos digitais com foto
- Pesar no mínimo 50kg
- Ter dormido pelo menos seis horas nas últimas 24 horas
- Estar alimentado. Evitar alimentos gordurosos nas três horas que antecedem a doação de sangue. Caso seja após o almoço, aguardar duas horas.
Quem não pode doar sangue
- Grávidas e lactantes (antes de completar um ano de amamentação)
- Pessoas que fizeram tatuagem ou piercing recentemente (alguns serviços de coleta de sangue estabelecem inaptidão de seis meses e outros, um ano)
- Pessoas que tiveram hepatite após os 11 anos de idade
- Pessoas com sintomas de doenças infecciosas, como influenza ou covid-19 (a recomendação é aguardar sete dias do término dos sintomas).