Um grupo de moradores de Santa Lúcia do Piaí, no interior de Caxias do Sul, está mobilizado pelo asfaltamento da Estrada Municipal Claudino Antônio Costa. A via é de chão batido e liga a comunidade de Caravaggio da 6ª Légua à sede do distrito. A extensão total solicitada é de 16 quilômetros, em um investimento projetado em cerca de R$ 53 milhões, conforme um anteprojeto executado pela Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos e entregue aos moradores.
Entre as queixas de quem mora nas redondezas ou precisa utilizar a estrada está o pó, que, além de trazer prejuízos à saúde, torna o deslocamento perigoso, dificultando a visão dos condutores; o acúmulo de barro em dias de chuva, que rotineiramente ocasiona atolamentos, além de ser um complicador para o acesso de turistas que buscam destinos próximos, como o Grutão Ecoparque. Outro fator apontado é o escoamento da produção agrícola, que precisa ser feita em outra rota, mais longa, para não danificar frutas e legumes, por exemplo.
A agente administrativo Rosana Maria Fiorini Mantovani é moradora de Santa Lúcia do Piaí e percorre uma parte da estrada diariamente para trabalhar em outra área da cidade. Ela conta que a reinvindicação é de mais de 20 anos e a falta de verba pública sempre foi uma das respostas que a comunidade recebeu. A moradora descreve a dificuldade em acessar o trecho, que é bastante sinuoso, com descidas e subidas acentuadas:
— Em alguns dias é impossível o deslocamento, pois a poeira deixa o trajeto muito perigoso. Também, em alguns dias, somos contemplados com o barro. Fica escorregadio e perigoso. Além disso, quando chove forte caem barreiras no fluxo da estrada e também desmoronam trechos, diminuindo a largura da via — detalha Rosana.
A moradora ainda ressalta que, ao longo do percurso de 16 quilômetros, existem diversos tipos de empreendimentos — como hortifrutigranjeiros, aviários, serrarias e agroindústrias — que também seriam beneficiadas caso a Claudino Antônio Costa fosse asfaltada.
— Esse pavimento asfáltico envolve todas as condições mínimas necessárias para sobrevivência de quem mora no percurso e para quem transita por aqui. Devido à produção cultivada e outros empreendimentos desse trecho, transitam caminhões, carretas, colheitadeiras, escavadeiras, retroescavadeiras, tratores, plantadeiras ... E todos nós correndo riscos diariamente — alerta.
O revendedor de frutas Ademir Camicia, 62 anos, tem um pavilhão às margens da estrada municipal. As nuvens de poeira, provocadas pelo vaivém constante de veículos, já são rotinas nos meses de verão, segundo ele. Para o morador, que vive há 30 anos na região, o asfaltamento seria benéfico de diferentes formas:
— Tem o turismo, agora fizeram uma usina. (a estrada) Também encurta o caminho para Vila Oliva e para Fazenda Souza. Seria uma economia para a gente (ter o trecho todo pavimentado).
Grupo busca sensibilização política
Os moradores à frente da mobilização pelo asfaltamento da Estrada Claudino Antônio Costa se reúnem com representantes dos poderes Executivo e Legislativo desde o ano passado, apresentando a demanda da comunidade.
Agora o pedido também está sendo apresentado a vereadores, deputados e senadores em busca de emendas parlamentares — uma sugestão do próprio município em uma das conversas em julho de 2022.
— Esta estrada é praticamente um atalho, porque o pessoal que tem a sua produção, que não pode sofrer nenhum baque com a estrada de chão, faz todo o trajeto por Fazenda Souza, o que aumenta praticamente em 10 quilômetros (a viagem). Não é interessante ter um trajeto longo assim, sendo que podemos sintetizá-lo. Este é só um dos inúmeros motivos que estamos empenhados e na luta pelo asfaltamento da Estrada Municipal Claudino Antônio Costa — destaca a produtora de orgânicos Rubia Minussi.
Procurada para se posicionar sobre a possibilidade de asfaltamento da estrada, a prefeitura retornou com uma nota via assessoria de imprensa:
"A prefeitura está ciente da demanda desses moradores. Em 2019, a Secretaria Municipal de Planejamento produziu um relatório sobre a estrada Claudino Antônio da Costa. A pavimentação exige construção de obras, como pontes, detonações de rochas e intervenções em encostas, pela topografia acidentada do trecho. Em função do valor e de outras demandas urgentes, essa obra não foi selecionada entre as contempladas pelo Programa de Asfaltamento no interior com recursos da CAF (Corporação Andina de Fomento). O município apoia os moradores para a busca de recursos federais e/ou verbas parlamentares, uma vez que o custo da obra é elevado."